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GUERRA NA AMÉRICA
EFEITOS NO BRASIL
Todos os vôos são suspensos por tempo indeterminado
Viagens são canceladas no ar, e passageiros usam telefone do avião para buscar informações com parentes e amigos
DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O ataque terrorista nos Estados
Unidos suspendeu por tempo indeterminado os vôos que partiriam do Brasil para o país.
Ontem, as companhias aéreas
nacionais e estrangeiras no Brasil
cancelaram 27 decolagens de passageiros e de carga com destino a
cidades norte-americanas.
Segundo o DAC (Departamento de Aviação Civil), o cancelamento foi necessário depois de o
governo norte-americano determinar, pela manhã, o fechamento
do espaço aéreo do país. De acordo com as companhias aéreas, todos os vôos serão remarcados.
O DAC também determinou
alerta máximo em todos os aeroportos brasileiros para evitar incidentes e rigor nas revistas de bagagens, passageiros e aeronaves.
Em São Paulo, 13 vôos programados para partir do Aeroporto
Internacional de Guarulhos ontem à noite para os Estados Unidos foram cancelados, segundo a
Infraero (Empresa Brasileira de
Infra-Estrutura Aeroportuária).
A TAM, que opera diariamente
com três vôos do Brasil para os
Estados Unidos, teve de abortar
ontem dois vôos -de São Paulo e
de Brasília-, que tinham partido
pela manhã em direção a Miami.
Dentro de um avião da TAM, o
aviso sobre os ataques terroristas
nos EUA e o anúncio sobre a decisão de abortar o vôo provocaram
uma corrida por informações.
"Simplesmente disseram que
havia ocorrido um atentado terrorista e que o espaço aéreo norte-americano havia sido fechado"
disse o empresário Philip Hoover,
35, sobre o aviso do comandante
Luiz Francisco Postigo, feito no
vôo 8094 da TAM.
Depois do aviso, os passageiros
foram buscar detalhes sobre os
ataques com parentes nos Estados Unidos e no Brasil pelo sistema de telefonia via satélite com o
qual é equipado a aeronave.
"Tentei falar com a minha filha
nos Estados Unidos. Depois, consegui falar com minha família no
Brasil. Só aí começaram a surgir
as informações", disse a dona-de-casa Diva Pedrosa, 78.
O vôo ia para Miami. Havia partido às 10h23 do aeroporto de
Guarulhos e recebeu ordem para
voltar a São Paulo 40 minutos depois da decolagem, quando sobrevoava Minas Gerais. Havia 57
passageiros no vôo.
Surpresa
No Aeroporto Internacional
Antônio Carlos Jobim, no Rio de
Janeiro, os passageiros que chegavam dos EUA, no início da tarde
de ontem, não escondiam o espanto ao tomar conhecimento da
situação em Nova York. Durante
os vôos, os últimos vindos dos
EUA para o Brasil, nada foi dito
pela tripulação aos passageiros.
""Estou em choque. Não sei o
que falar. Só posso entender a série de atentados como obra de um
fanatismo religioso", disse o construtor norte-americano Phil
Walls, que vinha de Atlanta.
Walls faz parte de um grupo de
missionários evangélicos norte-americanos que fará uma série de
cultos no país esta semana.
Preocupados com a situação,
muitos passageiros telefonavam
para saber notícias dos familiares
que estavam nos EUA.
O músico brasileiro Renato
Axeelrud dizia que ""ainda não
acreditava" no que havia ocorrido. ""Antes de deixar Nova York,
passei pelas torres e não acredito
que foram destruídas", afirmou
Renato, que é flautista da Orquestra Sinfônica Brasileira.
No último final de semana, a orquestra havia feito uma apresentação na cidade. Renato estava no
vôo 0973 da American Airlines,
que aterrissou no Rio por volta
das 11h30. Alguns músicos teriam
ficado nos EUA.
O porto-riquenho Ronaldo
Harry disse que estava ""confuso"
com as notícias. ""Estou preocupado com os meus familiares e com
meus amigos. Além disso, não sei
como vou voltar para Nova
York", disse Harry, que tem uma
passagem marcada para regressar
aos EUA na sexta-feira.
Até o início da noite, o DAC não
havia informado quantos vôos
para o exterior foram cancelados
em todo o Brasil por causa dos
atentados.
Além dos EUA, outros países,
como o Canadá e o Reino Unido,
fecharam ontem total ou parcialmente o espaço aéreo para vôos
internacionais.
(SABRINA PETRY, SÉRGIO RANGEL e JOÃO CARLOS SILVA)
Leia mais sobre os atentados nos EUA na Folha Online
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