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Mundo deve esperar revide, diz especialista
JOSÉLIA AGUIAR
DA REPORTAGEM LOCAL
O mundo deve esperar uma retaliação dos EUA, e isso não deve
tardar, avalia o professor britânico Michael Cox, especialista em
política externa norte-americana
e relações internacionais do Royal
Institute of International Affairs,
de Londres.
"A resposta dos EUA virá tão logo existam mais elementos que
apontem os culpados, sejam eles
organizações internacionais ou
Estados", disse à Folha, por telefone, de Londres. "Mas ainda é
exagero pensar que isso vá resultar em uma guerra de proporções
maiores", acrescentou.
Para Cox, a série de atentados
coordenados que atingiram ontem diferentes cidades norte-americanas deve ser considerada
altamente bem-sucedida.
"Existem poucos grupos terroristas no mundo com tanta capacidade de organização e de execução. Certamente, o Oriente Médio
deve estar na base de qualquer
discussão sobre esses ataques",
acrescentou.
O especialista britânico diz que
não descarta, porém, a possibilidade de que a autoria do atentado
recaia sobre alguma organização
extremista norte-americana ou ao
menos de atuação interna.
"Quando ocorreu o atentado de
Oklahoma [que atingiu um prédio público na capital desse Estado norte-americano, em 1995, e
matou 168 pessoas", os EUA pensaram inicialmente em um ataque
terrorista e se enganaram. É algo
bem menos provável, mas que
não se pode descartar neste momento", avalia.
Mais terror
Depois dos atentados de ontem,
deve-se esperar ações terroristas
de proporções cada vez maiores,
segundo Cox.
"Todas essas organizações extremistas aprendem umas com as
outras e copiam as práticas bem-sucedidas. Não se pode pensar
sempre que o impossível vai
acontecer, mas às vezes acontece,
como ontem."
Sobre os possíveis erros cometidos pelo governo norte-americano, o especialista britânico diz que
o mundo certamente condenará
os Estados Unidos pela sua má-sucedida condução dos conflitos
no Oriente Médio.
Segurança
Mas houve certamente falhas no
esquema de segurança, acredita o
especialista. Cox afirma que os
EUA se preocupavam demais
com vôos internacionais, mas não
tanto com os domésticos.
"Quando tudo se acalmar, a segurança terá de endurecer ainda
mais, e esse será um dos pontos
mais questionados", avalia.
O professor britânico afirma
que haverá imensa mobilização
da inteligência norte-americana e
endurecimento maior das medidas de segurança.
Impacto
O impacto econômico da nova
tragédia deve ser medido pelo que
já ocorreu ontem nos mercados
financeiros, segundo Cox. As Bolsas em todo o mundo despencaram, preços do petróleo e do ouro
tiveram alta vertiginosa.
Para alguns setores específicos,
o estrago será maior, como o de
seguros e a aviação, avalia o especialista britânico. "A economia
mundial, que não ia bem, terá
mais motivos para perder ainda
mais o ritmo."
Michael Cox diz que, além de
buscar uma retaliação e de endurecer seus esquemas de segurança, os EUA vão estar às voltas com
sua principal questão política no
âmbito internacional.
"O Oriente Médio continua a
ser o grande problema político
não resolvido dos EUA. E vai ser
um erro pensar que será resolvido
com intervenção militar."
Leia mais sobre os atentados nos EUA na Folha Online
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