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EM BUSCA DA SALVAÇÃO?
Diante de líderes religiosos, presidente fez seu 7º pedido de perdão público pelo caso extraconjugal
Bill Clinton pede desculpas a Lewinsky
de Washington
O presidente
dos EUA, Bill
Clinton, pediu
pela primeira
vez desculpas a
Monica Lewinsky e à família dela no mais
longo e emotivo discurso que fez
sobre o escândalo.
Diante de 125 líderes religiosos
reunidos na Casa Branca (sede do
governo dos EUA) para um café-da-manhã, Clinton fez o seu sétimo pedido de perdão público pelo
caso extraconjugal que manteve
com a ex-estagiária Lewinsky.
Apesar dos olhos úmidos, da voz
embargada, das declarações de
que seu interesse máximo agora é
o de recuperar a sua alma, Clinton
não deixou de dar um recado político: ele não vai renunciar.
Ao contrário, argumentou, o episódio terá um lado positivo porque
vai "intensificar (seus) esforços
para liderar o (seu) país na direção
da paz e da liberdade, da prosperidade e da harmonia".
Pela primeira vez, também, o
presidente disse ter "pecado".
Afirmou que espera ser perdoado,
mas que, para isso, ele precisa demonstrar mais do que simples pesar, como tem feito até aqui.
Mas não foi isso que demonstraram os seus advogados ao rebaterem o relatório do promotor independente. Eles mantiveram o tom
belicoso contra Kenneth Starr usado por Clinton em seu discurso do
último dia 17 de agosto.
A estratégia de defesa de Clinton
parece que ficará dividida nessas
duas linhas: a legal, feita pelos advogados, baseada em ambiguidades e evasivas para tentar mostrar
que o presidente não feriu a lei; a
política, feita por Clinton, centrada no arrependimento, no remorso, na promessa de não pecar mais.
O próprio presidente antecipou
essa linha no discurso de ontem
para os religiosos, quando disse:
"Instruí meus advogados para que
montem uma vigorosa defesa,
usando todos os os argumentos
apropriados; mas a linguagem legalista não deve obscurecer o fato
de que eu errei nesse caso".
Pelo menos parte da platéia de
Clinton no café-da-manhã de ontem parece ter se convencido da
sinceridade do presidente.
Alguns pastores chegaram a chorar compulsivamente durante o
discurso enquanto outros gritavam "amém" ao final de frases.
Mas o segmento mais religioso
da população norte-americana está entre as grandes dificuldades de
Clinton para se safar de seus problemas atuais. Desde o início do
escândalo, dali têm saído alguns
de seus mais ardorosos críticos.
O próprio líder nacional da Igreja a que Clinton pertence, a dos Batistas do Sul, maior denominação
protestante do país, pediu a renúncia do presidente. Anteontem, um
importante bispo da Igreja Episcopal, Richard Grein, de Nova York,
e o reitor do Seminário Teológico
Judaico, Ismar Schorsch, também
pediram a sua renúncia.
O pastor Jesse Jackson, que já foi
candidato à Presidência dos EUA e
um adversário político de Clinton,
estava à mesa de Clinton ontem.
Jackson foi escolhido pelo presidente como seu principal conselheiro espiritual desde que o escândalo Lewinsky começou a se
agravar. Ontem, Jackson se disse
confiante de que os cristãos dos
EUA vão perdoar Clinton.
Tanto Jackson quanto o porta-voz da Casa Branca, Mike
McCurry, desmentiram que Clinton esteja sendo visto por um psicólogo ou psiquiatra. Jackson afirmou que a assistência espiritual
que o presidente tem recebido é
suficiente para mantê-lo bem.
McCurry disse estar bastante familiarizado com a ficha médica do
presidente e saber que ele nunca
precisou de ajuda psiquiátrica e
não está precisando dela agora.
(CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA)
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