São Paulo, sábado, 12 de setembro de 1998

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Sorte política será decidida pela capacidade de governar

de Washington

No final, o que vai decidir a sorte política de Bill Clinton será a percepção que a maioria dos norte-americanos tiver sobre a sua capacidade de governar apesar de toda a confusão em que está metido.
É lendária em Washington a forma como o presidente consegue compartimentalizar os aspectos pessoais e políticos de sua vida. Mesmo sob as piores condições físicas ou psicológicas, ele é capaz de focalizar uma questão política e falar sobre ela durante horas.
Mas, desta vez, as coisas parecem ser diferentes. Em Moscou, na sua frustrante cúpula com Boris Ieltsin, o presidente dos EUA foi visto várias vezes com expressão ausente. Vazaram para jornais relatos de amigos íntimos de que eles nunca o haviam visto tão deprimido.
Ontem, um dos principais boatos na cidade era de que um psiquiatra está dando assistência profissional ao presidente. Seu porta-voz e seu conselheiro espiritual negaram. Mas o simples fato de o boato existir mostra como o público acha que Clinton está abatido.
Um dos resultados de pesquisas de opinião pública que mais mudaram este ano foi o que pergunta aos entrevistados se o caso Lewinsky abalou a capacidade de Clinton governar: bem mais da metade agora respondem que sim.
Quando a Suprema Corte resolveu que o caso Paula Jones poderia ser levado adiante com Clinton na Presidência, os juízes desprezaram a opinião de Robert Bennett, o advogado do presidente, que argumentava contra, alegando que o processo o distrairia demais de suas funções governamentais.
Talvez influenciados pelas demonstrações de Clinton de que nada afeta sua capacidade de trabalho, os juízes disseram que o caso Paula Jones não tomaria mais do que algumas horas do tempo do presidente. Mas o caso Jones, por ter detonado o Lewinsky, pode acabar com Clinton. (CELS)



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