São Paulo, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

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Número de eleitores jovens cresce 56% nas atuais prévias

DE WASHINGTON

Tímida, Chelsea Clinton não dá entrevistas. Nunca. Nem mesmo quando um dos repórteres-mirins da "Scholastic News", que já conversaram com todos os pré-candidatos desta eleição, pediu para falar com ela. "Sinto muito, você é uma graça, mas eu não falo com a imprensa", respondeu.
A filha única dos Clinton continua uma pessoa fechada, mas foi convocada pela mãe a participar mais. Aos 27 anos, ela é a ponte da senadora de 60 com um grupo cada vez mais importante: os jovens. Segundo levantamento do Pew Research Center, o universo dos eleitores com menos de 30 anos saltou 56% entre a corrida presidencial de 2004 e a deste ano -o maior aumento até hoje.
Os jovens, que representam 14% do total de eleitores, são responsáveis também pela maior presença nas urnas nesta fase do processo eleitoral (o voto não é obrigatório nos EUA). Em Iowa e Carolina do Sul, por exemplo, o número de eleitores democratas que votaram ou participaram de "caucuses" (assembléias) quase dobrou. Um em cada três eleitores a mais está na faixa etária considerada "jovem" (18 anos a 29).
O problema, para Hillary, é que dois terços dos votos de jovens têm ido para Barack Obama. "É claro que ele tem um papel importante em mobilizar o eleitorado jovem nos Estados que votaram até agora", disse Carroll Doherty, do Pew Research. Entre os americanos com menos de 30 anos que votaram num dos 24 Estados na Superterça, na semana passada, 57% escolheram Obama, ante 41% que foram de Hillary -ela teve 49% dos votos, no geral, ante 48% de Obama.
Esse"vácuo geracional", como vem sendo chamado por alguns analistas, gera uma diferença mais demográfica do que ideológica entre os dois candidatos, que têm propostas de governo parecidas. Não é o conservador contra o esquerdista, mas o novo contra o velho, defendem Morley Winograd e Michael D. Hais, autores do inédito "Millenium Makeover -MySpace,YouTube and the Future of American Politics".
A diferença vem sendo explorada por Obama, que bate na tecla "esperança" (ele) versus "experiência" (Hillary). Alguns analistas, como David Ignatius, do jornal "Washington Post", no entanto, acham que a estratégia vai acabar o prejudicando -e beneficiando Hillary.
"Nós elegemos dois "boomers" [Bill Clinton e George W. Bush, ambos de 61 anos, da geração "baby boomers", os nascidos logo após a Segunda Guerra] em seqüência e seria uma surpresa se os EUA pulassem uma geração agora, tanto para a frente quanto para trás", escreveu. John McCain, o favorito dos republicanos, tem 71.
Seja como for, há algumas semanas Chelsea Clinton vem ancorando sozinha comícios em universidades de Estados que vão ser palco de primárias ou "caucuses", principalmente naqueles em que sua mãe está muito atrás de Obama ou empatada com ele. (SÉRGIO DÁVILA)


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