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Número de eleitores jovens cresce 56% nas atuais prévias
DE WASHINGTON
Tímida, Chelsea Clinton não
dá entrevistas. Nunca. Nem
mesmo quando um dos repórteres-mirins da "Scholastic
News", que já conversaram
com todos os pré-candidatos
desta eleição, pediu para falar
com ela. "Sinto muito, você é
uma graça, mas eu não falo com
a imprensa", respondeu.
A filha única dos Clinton
continua uma pessoa fechada,
mas foi convocada pela mãe a
participar mais. Aos 27 anos,
ela é a ponte da senadora de 60
com um grupo cada vez mais
importante: os jovens. Segundo
levantamento do Pew Research
Center, o universo dos eleitores
com menos de 30 anos saltou
56% entre a corrida presidencial de 2004 e a deste ano -o
maior aumento até hoje.
Os jovens, que representam
14% do total de eleitores, são
responsáveis também pela
maior presença nas urnas nesta
fase do processo eleitoral (o voto não é obrigatório nos EUA).
Em Iowa e Carolina do Sul, por
exemplo, o número de eleitores
democratas que votaram ou
participaram de "caucuses"
(assembléias) quase dobrou.
Um em cada três eleitores a
mais está na faixa etária considerada "jovem" (18 anos a 29).
O problema, para Hillary, é
que dois terços dos votos de jovens têm ido para Barack Obama. "É claro que ele tem um papel importante em mobilizar o
eleitorado jovem nos Estados
que votaram até agora", disse
Carroll Doherty, do Pew Research. Entre os americanos
com menos de 30 anos que votaram num dos 24 Estados na
Superterça, na semana passada, 57% escolheram Obama,
ante 41% que foram de Hillary
-ela teve 49% dos votos, no geral, ante 48% de Obama.
Esse"vácuo geracional", como vem sendo chamado por alguns analistas, gera uma diferença mais demográfica do que
ideológica entre os dois candidatos, que têm propostas de governo parecidas. Não é o conservador contra o esquerdista,
mas o novo contra o velho, defendem Morley Winograd e
Michael D. Hais, autores do
inédito "Millenium Makeover
-MySpace,YouTube and the
Future of American Politics".
A diferença vem sendo explorada por Obama, que bate na tecla "esperança" (ele) versus
"experiência" (Hillary). Alguns
analistas, como David Ignatius,
do jornal "Washington Post",
no entanto, acham que a estratégia vai acabar o prejudicando
-e beneficiando Hillary.
"Nós elegemos dois "boomers" [Bill Clinton e George W.
Bush, ambos de 61 anos, da geração "baby boomers", os nascidos logo após a Segunda
Guerra] em seqüência e seria
uma surpresa se os EUA pulassem uma geração agora, tanto
para a frente quanto para trás",
escreveu. John McCain, o favorito dos republicanos, tem 71.
Seja como for, há algumas semanas Chelsea Clinton vem
ancorando sozinha comícios
em universidades de Estados
que vão ser palco de primárias
ou "caucuses", principalmente
naqueles em que sua mãe está
muito atrás de Obama ou empatada com ele.
(SÉRGIO DÁVILA)
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