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Campanha divide espaço com medo do terror
DO ENVIADO ESPECIAL
A tranqüilidade comumente
associada a Islamabad, a capital
planejada à la Brasília do Paquistão, não existe mais. A cidade está sitiada pela presença
militar e, ao mesmo tempo,
com mais medo dos atentados
que antes eram restritos a outras áreas do país.
Ainda assim, respira-se nesse
ar pesado o cheiro de disputa
eleitoral. A rua que dá acesso ao
Parlamento, por exemplo, está
fechada desde que Pervez Musharraf deu argumentos aos que
o acusam de ser um ditador e
interveio no Judiciário e na mídia, em novembro passado.
Dos dois lados, há barricadas
com sacos de areias e ninhos de
metralhadoras operadas por
Rangers, elite do Exército que
teve 900 homens deslocados à
área da capital.
Numa praça junto ao monumento ao Paquistão, que em
2001 era palco de manifestações pelo fim na guerra no Afeganistão, ontem havia cinco
Rangers fortemente armados e
com cara de poucos amigos fazendo a ronda à tarde. Duas
crianças com sorvetes ameaçaram sentar-se, mas desistiram.
Mas se isso faz lembrar todas
as protoditaduras mundo afora, a rua está coalhada de cartazes de candidatos oposicionistas. "Está todo mundo com medo de que alguém resolva se explodir num comício, mas há
uma coisa incrível: a possibilidade de uma oposição que, se
pode não ganhar a eleição por
causa de fraudes, ainda pode se
expressar", disse o analista político Hamid Ali.
Com efeito, o tigre que simboliza o partido de Nawaz Sharif disputa palmo a palmo o espaço com a bicicleta da agremiação de Musharraf. A flecha
do PPP de Benazir Bhutto está
presente, mas a política assassinada domina o marketing dos
seus herdeiros.
Os símbolos são importantes: no dia 18, o eleitor terá duas
cédulas, uma verde para a eleição nacional e outra rosa, para a
das assembléias provinciais.
Não há nomes de candidato, como em toda eleição por lista:
vota-se no símbolo do partido.
Aqui e ali há carros e bicicletas com as bandeiras. Na televisão, há propaganda paga pelos
principais partidos e também
anúncios institucionais conclamando ao voto -a presença é
facultativa. Nos "spots", os candidatos aparecem com as promessas de praxe, dividindo as
atenções com canais de clipes à
la MTV e outros com leitura comentada do Corão, retrato da
colcha de retalhos quase insondável que é o Paquistão.
(IG)
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