São Paulo, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

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Campanha divide espaço com medo do terror

DO ENVIADO ESPECIAL

A tranqüilidade comumente associada a Islamabad, a capital planejada à la Brasília do Paquistão, não existe mais. A cidade está sitiada pela presença militar e, ao mesmo tempo, com mais medo dos atentados que antes eram restritos a outras áreas do país.
Ainda assim, respira-se nesse ar pesado o cheiro de disputa eleitoral. A rua que dá acesso ao Parlamento, por exemplo, está fechada desde que Pervez Musharraf deu argumentos aos que o acusam de ser um ditador e interveio no Judiciário e na mídia, em novembro passado.
Dos dois lados, há barricadas com sacos de areias e ninhos de metralhadoras operadas por Rangers, elite do Exército que teve 900 homens deslocados à área da capital.
Numa praça junto ao monumento ao Paquistão, que em 2001 era palco de manifestações pelo fim na guerra no Afeganistão, ontem havia cinco Rangers fortemente armados e com cara de poucos amigos fazendo a ronda à tarde. Duas crianças com sorvetes ameaçaram sentar-se, mas desistiram.
Mas se isso faz lembrar todas as protoditaduras mundo afora, a rua está coalhada de cartazes de candidatos oposicionistas. "Está todo mundo com medo de que alguém resolva se explodir num comício, mas há uma coisa incrível: a possibilidade de uma oposição que, se pode não ganhar a eleição por causa de fraudes, ainda pode se expressar", disse o analista político Hamid Ali.
Com efeito, o tigre que simboliza o partido de Nawaz Sharif disputa palmo a palmo o espaço com a bicicleta da agremiação de Musharraf. A flecha do PPP de Benazir Bhutto está presente, mas a política assassinada domina o marketing dos seus herdeiros.
Os símbolos são importantes: no dia 18, o eleitor terá duas cédulas, uma verde para a eleição nacional e outra rosa, para a das assembléias provinciais. Não há nomes de candidato, como em toda eleição por lista: vota-se no símbolo do partido.
Aqui e ali há carros e bicicletas com as bandeiras. Na televisão, há propaganda paga pelos principais partidos e também anúncios institucionais conclamando ao voto -a presença é facultativa. Nos "spots", os candidatos aparecem com as promessas de praxe, dividindo as atenções com canais de clipes à la MTV e outros com leitura comentada do Corão, retrato da colcha de retalhos quase insondável que é o Paquistão. (IG)


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