São Paulo, sábado, 13 de abril de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GOLPE NA VENEZUELA

Segundo governo interino, ação visa impedir resistência armada e deter suspeitos de disparar em manifestação em Caracas, que teve 15 mortos

Governo busca simpatizantes de Chávez

DA REDAÇÃO

Membros das forças de segurança venezuelanas realizaram buscas em várias regiões de Caracas atrás de simpatizantes do presidente deposto Hugo Chávez. Segundo o governo interino, a ação visava impedir uma resistência armada ao golpe e também deter suspeitos de disparar contra a manifestação anti-Chávez de anteontem em Caracas, que acabou com ao menos 15 mortos.
A capital venezuelana viveu um dia relativamente tranquilo ontem. A maior manifestação ocorreu diante da embaixada cubana em protesto contra as estreitas relações de Chávez com Havana. Os manifestantes deixaram o edifício sem luz após cortar os cabos elétricos do lado de fora.
Opositores do presidente deposto disseram temer que grupos armados pró-Chávez pudessem tentar matá-los.
"Fomos declarados alvos militares por esses criminosos já há algum tempo. Estamos em lugares seguros até esses grupos serem totalmente desarmados", disse o deputado Cesar Pérez, do Partido Social Cristão.

Investigações
A polícia e o autoproclamado governo de transição venezuelano lançaram investigações para descobrir a identidade dos franco-atiradores responsáveis pelas mortes na manifestação contra Chávez.
O episódio ampliou a irritação de vários setores do país -sobretudo dos militares- e catalisou os eventos que levaram à queda do presidente venezuelano.
As autoridades apontam como principais suspeitos pelo crime os integrantes dos chamados "círculos bolivarianos", espécie de brigadas de choque do "chavismo" com inspiração cubana.
Em pronunciamento à nação ontem, o presidente interino, Pedro Carmona, responsabilizou os "círculos bolivarianos" pela violência em Caracas e se comprometeu a castigar os responsáveis pelo ato.
Criados para formar uma base radical de sustentação política ao regime, esses grupos teriam, segundo analistas e líderes da oposição a Chávez, sido transformados em unidades paramilitares armadas.
A polícia realizou operação de busca de armas na madrugada de ontem no apartamento de Freddy Bernal, prefeito do município de Libertador (periferia de Caracas) e um dos maiores expoentes dos "círculos bolivarianos".
Bernal não foi encontrado. Tampouco havia armamentos no local. Ainda assim, a polícia e o Exército o apontam como o responsável pela presença de franco-atiradores nos arredores do palácio presidencial.
Não está claro, porém, se as acusações contra os "círculos bolivarianos" teriam base em evidências concretas ou se fazem parte de um plano político para responsabilizar Chávez pelas mortes.
Um alto funcionário do governo Chávez disse à agência de notícias Efe, sob a condição de não ter seu nome revelado, que os franco-atiradores "são deles" (dos que faziam oposição ao presidente Hugo Chávez).
Ele acrescentou que um agente da DISIP (polícia política) morto no tiroteio trabalhava para o vice-presidente do país, Diosdado Cabello. Segunda a sua tese, ele teria sido baleado na cabeça quando procurava os atiradores, escondidos num hotel das proximidades do palácio.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Novo presidente dissolve Poderes
Próximo Texto: Leis que alimentaram crise são revogadas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.