São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 2006 |
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ARTIGO Lógica maluca
MAUREEN DOWD
Na "New Yorker" desta semana, Seymour Hersh escreve que o Pentágono estaria planejando um possível ataque aos malucos "xiitas apocalípticos", como o ex-agente da CIA Robert Baer descreve o negacionista do Holocausto Ahmadinejad e seu coro de clérigos. Hersh cita uma fonte próxima ao Pentágono que teria dito que Bush acredita que "salvar o Irã será seu legado". O que faz sentido, de uma maneira inversamente distorcida, já que salvar o Iraque não será seu legado. Os falcões de Bush, que já se comprovaram idiotas culturais no Iraque, ainda parecem estar muito longe da política externa humilde que prometeram. Um ex-funcionário da Defesa disse a Hersh que o plano se baseia na crença da administração em que "uma campanha sustentada de bombardeios no Irã vá humilhar a liderança religiosa e levar o público a revoltar-se e derrubar o governo". A reação do funcionário em questão: "O que será que eles andam fumando?". Assim como Rummy, em agosto de 2002, fez pouco caso de perguntas sobre uma possível invasão do Iraque, qualificando-as como "frenesi" da mídia -num momento em que os planos para a invasão já estavam adiantados-, o chefe da Defesa fez pouco caso do artigo da "New Yorker", dizendo algo como "uau bacalhau, o céu está caindo!". Observando que o presidente está "seguindo um caminho diplomático", Rumsfeld, aquele que deveria ser demitido, disse que, embora W. obviamente esteja preocupado com o Irã, na medida em que esse país apóia terroristas e quer uma arma de destruição em massa, "não é útil enveredar pelo terreno da fantasia". Sim, a comunidade de jornalistas ancorados na realidade deve permanecer fora do terreno da fantasia, que já está superlotado de Bushes sofrendo de alucinações. W. defendeu o fato de ter autorizado um vazamento para rebater alegações de que a administração havia inflado uma história sobre o Níger vender urânio a Saddam. "Eu queria que as pessoas enxergassem a verdade", disse o presidente. É claro: para ajudar as pessoas a enxergar a verdade, de vez em quando é preciso lhes contar uma mentira das grossas. O vazamento sobre os esforços de Saddam para obter urânio já tinha sido denunciado como falso no momento em que ele ocorreu. Colin Powell já tinha dito que as agências de inteligência "já não enxergavam [a informação] como digna de crédito" no início de 2003, quando o secretário de Estado se preparava para apresentar às Nações Unidas os argumentos contra o Iraque. Apenas Dick Cheney se dispôs a utilizar uma informação de inteligência equivocada para defender sua trapaça de guerra. No caso de Watergate, os repórteres seguiram a trilha do dinheiro. Com Monica Lewinsky, o promotor Ken Starr seguiu a trilha da mancha. Com W., o promotor Patrick Fitzgerald está seguindo a trilha do urânio. Ele só precisa de um contador Geiger. Tradução de Clara Allain Texto Anterior: Irã ignora críticas; Rice pede "medidas duras" Próximo Texto: Terror: Fita mostra briga em vôo do 11 de Setembro Índice |
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