São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ÁSIA

Suposto desrespeito ao Alcorão em base militar iniciou crise

Protestos contra os EUA deixam mais três mortos no Afeganistão

David Guttefnelder/Associated Press
Em Cabul, estudantes afegãos destroem bandeira dos EUA em mais um dia de manifestações no país


DA REDAÇÃO

A onda de protestos contra o suposto desrespeito ao Alcorão praticado por interrogadores americanos na base de Guantánamo, iniciada na terça-feira, alastrou-se ontem pelo Afeganistão, deixando mais três mortos. Além das passeatas pacíficas em diversas cidades, houve em alguns locais enfrentamentos com a polícia e depredação de prédios públicos.
Somadas às quatro pessoas que morreram anteontem, o total de mortos subiu para sete, e o de feridos para 76, na maior onda de protestos anti-EUA no país desde a queda do Taleban, em 2001.
Em Washington, a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, pediu o fim das manifestações violentas, dizendo que "o desrespeito ao Alcorão nunca será tolerado nos EUA" e que haverá uma rigorosa investigação do episódio.
Em Cabul, as manifestações foram pacíficas. Cerca de 200 estudantes queimaram uma bandeira dos EUA aos gritos de "morte à América". Mas em outros locais os protestos foram violentos.
Na Província de Nangarhar, leste do país, centenas de pessoas, algumas armadas, tentaram marchar em direção a Jalalabad -cidade que foi o palco dos protestos de anteontem-, mas foram barradas pela polícia. Houve tiroteio, e duas pessoas morreram.
Outra morte ocorreu no distrito de Shaq, onde os manifestantes incendiaram delegacias de polícia, a sede do governo provincial e um depósito de munições, que explodiu, matando uma pessoa.
Em Gazni, no sul do país, um candidato às eleições parlamentares de setembro foi assassinado por membros do Taleban.

Origem
Os protestos começaram na terça-feira, após a revista americana "Newsweek" ter publicado relato segundo o qual interrogadores da base militar americana de Guantánamo, em Cuba, teriam colocado exemplares do Alcorão nos banheiros, para irritar os cerca de 500 prisioneiros muçulmanos suspeitos de atividades terroristas. Eles foram capturados pelos EUA e ali encarcerados após o 11 de Setembro. Um dos investigadores teria inclusive atirado um exemplar do livro sagrado no vaso sanitário e dado descarga. No Afeganistão, o desrespeito ao Alcorão é punido com a morte.

Com agências internacionais

Texto Anterior: Comitê diz que Saddam subornou britânico e francês
Próximo Texto: Europa: Corte Européia constrange Turquia
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.