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ELEIÇÕES NOS EUA
Candidatos presidenciais discordam em detalhes e propostas
Gore e Bush concordam no básico
ALISON MITCHELL
DO "THE NEW YORK TIMES"
O vice-presidente dos EUA, Al
Gore, democrata, e o governador
republicano do Texas, George W.
Bush, parecem estar transformando a eleição presidencial em
um referendo sobre qual candidato está mais capacitado a reformular o governo diante dos desafios da nova economia.
Da saúde à educação, passando
pelo corte de impostos e pela Previdência Social, Bush e Gore estão
apresentando aos eleitores visões
importantes sobre como as mais
fundamentais instituições públicas deveriam ser organizadas para uma era globalizada e digital,
que traz a perspectiva de prosperidade sustentada e também uma
enorme incerteza.
Os assessores de Bush dizem
que a economia baseada em alta
tecnologia e o crescimento de
uma classe de investidores de renda média tornarão os eleitores
muito mais sensíveis às idéias republicanas de descentralização
do governo e reformulação dos
programas de assistência. O governador Bush gostaria que o setor privado oferecesse mais serviços hoje do Estado e tornasse as
pessoas menos dependentes de
programas federais.
Gore, por outro lado, quer expandir os tradicionais programas
democratas de atendimento ao cidadão. Seus assessores alegam
que a classe baixa e a classe média
precisam de maior assistência governamental em setores como
educação, saúde e previdência,
em um período em que a educação é cada vez mais importante
para o sucesso e os empregadores
oferecem planos de saúde e pensões menos generosos e menos
seguros.
"O partido que aproveitar a onda de mudanças que varre a economia será o líder da próxima geração", diz Peter Ross Range, editor do "New Democrat Blueprint", publicação democrata.
Parte do diálogo sobre a nova
economia é mais simbólica que
substancial. Isso permite que Gore tente se aproveitar daquilo que,
em tese, é seu ponto mais forte, a
expansão econômica extraordinária obtida nos anos Clinton. Para Bush, dizem os analistas, se
apresentar como reformista com
grande capacidade empreendedora o torna menos ideológico do
que os demais republicanos, particularmente os do Congresso.
Mas é igualmente verdade que,
desde a última eleição, a economia mudou acentuadamente.
O crescimento robusto transformou déficit em superávit. O
uso da Internet e o comércio eletrônico estão explodindo.
E o mercado de ações, apesar
das quedas dos últimos meses, gerou novas fontes de riqueza.
Ao mesmo tempo, novas questões surgiram sobre a separação
entre vencedores e perdedores na
nova economia, que produziu
empregos menos estáveis e planos de benefícios menos generosos. E deixou milhões de pessoas
sem planos de saúde.
"O desafio da nova economia é
ampliar o círculo de vencedores
para não deixar ninguém de fora", diz Al From, presidente do
Conselho de Liderança Democrática, uma organização de centro
no Partido Democrata. "Um de
seus perigos é deixar gente demais para trás e provocar uma
reação negativa."
Gore e Bush concordam em relação a alguns temas mais amplos.
Eles defendem o livre comércio
em uma economia cada vez mais
globalizada. Também pedem que
o governo federal assuma um papel mais forte na política de educação em um momento em que a
economia baseada no conhecimento recompensa melhor quem
tiver educação mais sólida. E ambos falam com freqüência em ajudar os que ficaram fora da onda
de prosperidade.
Mas eles têm diferenças sérias
sobre a forma que o governo deve
tomar.
Na educação, ambos investiriam em escolas e professores se
eleitos em novembro. Gore, cerca
de dez vezes mais do que Bush. E
ambos têm planos para melhorar
o desempenho das escolas e sua
prestação de contas aos contribuintes. Mas duas propostas são
especialmente reveladoras.
Gore estenderia o alcance dos
sistemas de educação pública
concedendo verbas aos Estados
para criar pré-escolas públicas.
Bush, como instrumento de pressão contra a escolas ineficientes,
daria aos pais de baixa renda, cujos filhos frequentam essas escolas, créditos educacionais públicos que eles poderiam utilizar para pagar colégios privados.
Impostos
Embora os dois favoreçam cortes de impostos, Bush quer um
corte geral da ordem de US$ 1,3
trilhão em dez anos, dizendo que
"um governo com fundos ilimitados em breve se torna um governo de alcance ilimitado".
O vice-presidente Gore oferece
US$ 500 bilhões em cortes de impostos com o objetivo de reembolsar as pessoas pelo pagamento
de necessidades específicas (como faculdades ou cuidados infantis), com uma redução gradual
desses subsídios em proporção à
renda dos contribuintes.
Os assessores de Bush classificam as estruturas governamentais controladas de cima para baixo e com grande alcance como relíquias da era da Grande Depressão (após o colapso dos mercados
em 1929). "O governador Bush
dará mais controle sobre as decisões aos indivíduos", disse Ari
Fleischer, porta-voz de Bush. "O
vice-presidente o manteria nas
mãos do governo".
Assessores de Gore tentam conduzir o debate rumo à questão de
a quem os planos concorrentes
ajudam, mencionando com ênfase especial os cortes nos impostos.
"Bush adota a velha abordagem
de reduzir a alíquota paga por todos, o que acaba ajudando apenas
as pessoas mais ricas, que pagam
muito, favorecendo apenas marginalmente, se é que favorecem,
as pessoas de renda inferior", diz
Elaine Kamark, diretora política
da campanha de Gore.
Bush defende seus cortes de impostos dizendo que eles removeriam 6 milhões de famílias de baixa renda da lista de contribuintes.
Os críticos dizem que benefícios
semelhantes seriam concedidos
aos mais ricos, simplesmente porque eles pagam a maior parte dos
impostos.
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