|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Petróleo chega a impasse pelas divergências entre etnias
DA REDAÇÃO
Nas 25 páginas do relatório
que o presidente George W.
Bush apresentou ontem sobre
o cumprimento ou não de 18
metas pelo governo iraquiano,
o petróleo ocupa só 19 linhas.
Mas é o grande ponto de discórdia e a chave, ainda não utilizada, para que o país financie sua
esperada reconstrução.
A lentidão na elaboração da
Lei de Gestão da Renda, que engloba os hidrocarbonetos, foi
colocada pelo presidente americano entre as oito metas insatisfatoriamente alcançadas.
O projeto inicial da lei, redigido durante um ano com a ajuda e pressão da embaixada
americana, foi aprovado em fevereiro pelo governo e já foi enviado ao Parlamento. Mas os
interesses divergentes entre
curdos, sunitas e xiitas levam à
conclusão de que o texto não
tem como ser aprovado.
Por ele, as 18 Províncias iraquianas teriam autonomia para
negociar acordos com empresas estrangeiras para a prospecção e a exportação, desde
que esses entendimentos passem pela chancela de um Conselho Nacional do Petróleo.
Curdos e os estrangeiros
A idéia agrada apenas a minoria curda, com reservas inexploradas ao norte e que precisam de tecnologia e investimentos de fora. Mesmo assim,
o ministro curdo de Recursos
Naturais, Ashti Hawrami, disse
que seus deputados não votariam o texto -com o qual ele
concordava no final de junho-,
em razão de uma emenda de última hora que reduz os poderes
de sua região. A emenda em
questão diz que os contratos de
exploração serão de competência do governo central.
Os sunitas querem que todo
o mecanismo seja centralizado
em Bagdá. As regiões em que
são majoritários têm pouco petróleo. Seria uma forma de não
se marginalizarem economicamente. A centralização prevaleceu a partir de 1972, data da
nacionalização das jazidas.
Por sua vez, os xiitas, majoritários ao sul e detentores de
imensas reservas, não querem
delegar poderes às Províncias
porque, como são demograficamente majoritários, eles dificilmente perderiam o controle do
governo central. Sairiam ganhando com a concentração
das decisões no Ministério do
Petróleo, em Bagdá.
Alianças e complicações
Mas os três consensos étnicos divergentes apresentam
ainda diversidades internas.
Entre os xiitas, o grupo do clérigo Moqtada al Sadr diz que jamais permitiria companhias de
países invasores.
A bancada de Sadr se auto-excluiu do Parlamento. Mas
promete voltar ao plenário apenas para derrotar a lei. Está paradoxalmente aliado à ala de
sunitas também auto-excluída,
mas que voltaria ao Parlamento para derrotar o projeto e derrubar por moção de desconfiança o xiita moderado Maliki.
Não há por enquanto empresa estrangeira com contrato de
risco em jazidas iraquianas. O
país, que produzia 2,5 milhões
de barris por dia antes da invasão de 2003, produziu um pouco menos de 2 milhões no mês
passado, exportando dois terços dessa quantia.
Entre os 12 países da Opep,
cartel dos produtores, a produção iraquiana ocupa a sexta colocação, apesar de o Iraque possuir as terceiras maiores reservas dentro do cartel.
Com agências internacionais
Texto Anterior: [+]Análise: Texto tem otimismo em excesso Próximo Texto: Corpos em mesquita podem ser de crianças, diz Paquistão Índice
|