DA REDAÇÃO

A gigante dos diamantes sul-africana De Beers anunciou ontem que subsidiaria o custo de medicamentos de tratamento da Aids para seus funcionários.
O anúncio tornou a De Beers a mais recente grande empresa na África do Sul a oferecer a seus funcionários remédios para combater a epidemia no país.
"Essa é uma forte declaração humanitária e moral por parte dessa companhia", disse Gary Ralfe, diretor da De Beers.
Segundo ele, a medida é necessária pois a atitude do governo em relação à doença é, "na melhor das hipóteses, ambivalente" e, na pior, "pusilânime".
A De Beers afirmou que pretende pagar 90% dos custos de remédios contra a Aids para seus 11 mil empregados e seus cônjuges. A companhia estima que 12% de seus funcionários estejam infectados com o HIV e que o programa custará cerca de 25 mil rands (cerca de R$ 7.500) por empregado.
O programa deve começar em janeiro e durar dois anos. No fim desse período, a empresa deve reavaliar a medida levando em consideração o desenvolvimento da medicina e possíveis mudanças na política do governo.
O governo da África do Sul tem sido internacionalmente criticado por sua política em relação à Aids. Até recentemente, recusava-se a fornecer a mulheres grávidas um medicamento barato que previne a transmissão do HIV a seus filhos. O país continua a resistir a fornecer remédios de combate à Aids aos infectados, dizendo que um programa como esse seria caro demais para uma nação pobre.
Estima-se que 4,7 milhões de sul-africanos estejam infectados com o HIV -o vírus que causa a Aids-, em uma população total de cerca de 44 milhões.
Empresas afirmam que a epidemia de Aids terá um efeito devastador sobre a economia, e pesquisas recentes mostram que o gasto com o fornecimento de medicamentos a funcionários é inferior ao prejuízo que seria causado por faltas, perda de produtividade, internações em hospitais e contratação de funcionários substitutos.
A gigante da mineração Anglo Giant, que é proprietária de parte da De Beers, anunciou na semana passada que pretendia fornecer remédios para tratar a Aids a todos os seus 90 mil empregados. No ano passado, a DaimlerChrysler anunciou que daria medicamentos de tratamento da Aids a todos os seus 4.445 funcionários e suas famílias na África do Sul.
"Esperamos ver um sério esforço de guerra contra a pandemia da Aids que inclua o governo", afirmou o presidente da De Beers, Nicky Oppenheimer.
Peter Piot, diretor da Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas para HIV/Aids), classificou como "extremamente encorajadoras" as iniciativas recentes. "Peço à comunidade corporativa global que siga o exemplo desses pioneiros, incluindo a De Beers."