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LIBÉRIA
Rebeldes admitem deixar capital; sudeste do país tem novos confrontos
Combates marcam 1º dia pós-Taylor
DA REDAÇÃO
A Libéria teve o seu primeiro
dia sem o ex-presidente Charles
Taylor marcado por indefinições
políticas e combates registrados
no sudeste do país. A boa notícia
veio no final da tarde, quando o
maior grupo rebelde do país, o
Lurd (Liberianos Unidos pela Reconciliação e Democracia), concordou em desocupar o porto de
Monróvia, abrindo caminho para
a chegada de ajuda humanitária.
O acordo foi feito após reunião
de líderes rebeldes com o embaixador americano John Blaney, comandantes da força de paz da
Ecowas (Comunidade Econômica dos Países do Oeste Africano) e
o general americano Thomas
Turner, comandante de uma força-tarefa que mantém três navios
de guerra perto da costa liberiana.
Ficou acertado que o Lurd sairá
da capital até o meio-dia de amanhã, entregando o controle para
as forças de paz.
Blaney classificou o acordo de
"extremamente importante para
a chegada de ajuda humanitária",
mas disse que uma presença
maior dos EUA no país "ainda
precisa ser determinada".
Para cumprir a sua parte, os países que compõem a força de paz
terão de acelerar o envio de soldados. Até agora, menos de 1.000
dos 3.250 soldados inicialmente
previstos chegaram à Libéria. Embora sua presença tenha assegurado uma calma relativa, os soldados passam a maior parte do tempo numa base improvisada no aeroporto de Monróvia.
Fome
A falta de comida é um dos principais problemas da capital liberiana, que, sitiada pelos rebeldes,
registrou combates quase diários
nos últimos dois meses, resultando em desabastecimento e em
cerca de 2.000 civis mortos.
Ontem, combatentes do governo atiraram para o alto para impedir que centenas de pessoas
cruzassem uma ponte que leva ao
porto, na esperança de encontrar
comida no lado rebelde.
"Todo mundo está faminto. Se
não morrermos baleados, morreremos de fome", disse o ex-professor universitário Sylvester Lumeh, 35. "Temos de nos arriscar."
Taylor renunciou anteontem,
após 14 anos de conflito quase
ininterrupto com grupos rivais.
Nos últimos meses, o ex-presidente, que está asilado na Nigéria,
recebeu forte pressão dos Estados
Unidos e da Ecowas.
Instabilidade
O cenário político liberiano
continua indefinido. Ontem, Sekou Fofana, um porta-voz civil do
Lurd, criticou o fato de o vice-presidente de Taylor, Moses Blah, ter
assumido a Presidência interina.
Ele deve ficar no poder até o dia 14
de outubro, quando estão previstas novas eleições.
"As armas ficarão em silêncio
agora, mas não cooperaremos política ou diplomaticamente [com
Blah]", disse Fofana.
No sudeste, outro grupo rebelde, Movimento pela Democracia
na Libéria (MDL), entrou em
combate com forças do governo.
O grupo confirmou ontem que
estava avançando na direção do
principal aeroporto da Libéria,
que fica a 45 minutos de carro de
Monróvia. Seus líderes, no entanto, disseram que foram atacados
por forças leais a Taylor.
Os novos combates levaram
inúmeros civis a caminhar ate
Monróvia sob forte chuva. A
maioria culpa os rebeldes pela
violência.
O comando de paz disse ter enviado tropas à região em resposta
a relatos de "distúrbios", mas até
o final desta edição não havia notícias sobre a missão.
Os dois grupos rebeldes combatem para depor o governo. O
Lurd, que atacou Monróvia, é baseado no norte e aparentemente
recebe apoio do governo da Guiné. Já o MDL, que surgiu no ano
passado, supostamente recebe
apoio da Costa do Marfim.
Com agências internacionais
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