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São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2003

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LIBÉRIA

Rebeldes admitem deixar capital; sudeste do país tem novos confrontos

Combates marcam 1º dia pós-Taylor

DA REDAÇÃO

A Libéria teve o seu primeiro dia sem o ex-presidente Charles Taylor marcado por indefinições políticas e combates registrados no sudeste do país. A boa notícia veio no final da tarde, quando o maior grupo rebelde do país, o Lurd (Liberianos Unidos pela Reconciliação e Democracia), concordou em desocupar o porto de Monróvia, abrindo caminho para a chegada de ajuda humanitária.
O acordo foi feito após reunião de líderes rebeldes com o embaixador americano John Blaney, comandantes da força de paz da Ecowas (Comunidade Econômica dos Países do Oeste Africano) e o general americano Thomas Turner, comandante de uma força-tarefa que mantém três navios de guerra perto da costa liberiana.
Ficou acertado que o Lurd sairá da capital até o meio-dia de amanhã, entregando o controle para as forças de paz.
Blaney classificou o acordo de "extremamente importante para a chegada de ajuda humanitária", mas disse que uma presença maior dos EUA no país "ainda precisa ser determinada".
Para cumprir a sua parte, os países que compõem a força de paz terão de acelerar o envio de soldados. Até agora, menos de 1.000 dos 3.250 soldados inicialmente previstos chegaram à Libéria. Embora sua presença tenha assegurado uma calma relativa, os soldados passam a maior parte do tempo numa base improvisada no aeroporto de Monróvia.

Fome
A falta de comida é um dos principais problemas da capital liberiana, que, sitiada pelos rebeldes, registrou combates quase diários nos últimos dois meses, resultando em desabastecimento e em cerca de 2.000 civis mortos.
Ontem, combatentes do governo atiraram para o alto para impedir que centenas de pessoas cruzassem uma ponte que leva ao porto, na esperança de encontrar comida no lado rebelde.
"Todo mundo está faminto. Se não morrermos baleados, morreremos de fome", disse o ex-professor universitário Sylvester Lumeh, 35. "Temos de nos arriscar."
Taylor renunciou anteontem, após 14 anos de conflito quase ininterrupto com grupos rivais. Nos últimos meses, o ex-presidente, que está asilado na Nigéria, recebeu forte pressão dos Estados Unidos e da Ecowas.

Instabilidade
O cenário político liberiano continua indefinido. Ontem, Sekou Fofana, um porta-voz civil do Lurd, criticou o fato de o vice-presidente de Taylor, Moses Blah, ter assumido a Presidência interina. Ele deve ficar no poder até o dia 14 de outubro, quando estão previstas novas eleições.
"As armas ficarão em silêncio agora, mas não cooperaremos política ou diplomaticamente [com Blah]", disse Fofana.
No sudeste, outro grupo rebelde, Movimento pela Democracia na Libéria (MDL), entrou em combate com forças do governo.
O grupo confirmou ontem que estava avançando na direção do principal aeroporto da Libéria, que fica a 45 minutos de carro de Monróvia. Seus líderes, no entanto, disseram que foram atacados por forças leais a Taylor.
Os novos combates levaram inúmeros civis a caminhar ate Monróvia sob forte chuva. A maioria culpa os rebeldes pela violência.
O comando de paz disse ter enviado tropas à região em resposta a relatos de "distúrbios", mas até o final desta edição não havia notícias sobre a missão.
Os dois grupos rebeldes combatem para depor o governo. O Lurd, que atacou Monróvia, é baseado no norte e aparentemente recebe apoio do governo da Guiné. Já o MDL, que surgiu no ano passado, supostamente recebe apoio da Costa do Marfim.


Com agências internacionais


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