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DIPLOMACIA
Comissário de Direitos Humanos, Vieira de Mello vê risco na ação antiterror
Brasileiro assume cargo na ONU
DA REDAÇÃO
O diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, 54, tomou posse ontem em Genebra no cargo de alto comissário de Direitos Humanos da ONU, prometendo impedir que a guerra global contra o terrorismo ameace as liberdades fundamentais das pessoas.
"Depois do que aconteceu nos EUA há um ano [os atentados de 11 de setembro], eu posso entender que medidas duras tinham de ser tomadas", afirmou. "Mas eu
farei de tudo para que os governos respeitem os direitos fundamentais das pessoas." O mandato do
comissário é de quatro anos, renovável por mais quatro.
Vieira de Mello substitui a irlandesa Mary Robinson, que estava
no cargo desde 1997 e vinha sofrendo oposição dos EUA, da
Rússia e da China.
Robinson acusou esses países
de se esconder atrás da guerra ao
terror para avançar sobre as liberdades civis e enfrentar opositores.
Vieira de Mello disse ontem esperar seguir a mesma linha de sua
antecessora. "Talvez possa levar
algum tempo, mas eu provavelmente seguirei as mesmas linhas
que Mary Robinson estava seguindo, com uma ênfase na negociação e na persuasão", disse.
"As prioridades são óbvias. Há
questões amplas como a proteção
às populações civis em áreas de
conflito, o combate ao racismo e
suas implicações e os direitos das
mulheres", afirmou.
A ONG de defesa dos direitos
humanos Human Rights Watch,
que apoiava a permanência de
Robinson, pediu "ações imediatas" ontem ao novo alto comissário. "Caso contrário, os avanços
obtidos no terreno dos direitos
humanos na última década poderão se perder ou ser limitados",
disse Joanna Waschler, representante da organização na ONU.
A Comissão Internacional de
Juristas pediu a Vieira de Mello a
criação, na ONU, de "um mecanismo de controle das medidas
antiterror adotadas pelos EUA,
para assegurar que estejam de
acordo com as normas internacionais de direitos humanos".
Vieira de Mello, filósofo formado pela Universidade de Paris/
Sorbonne, trabalha na ONU desde 1969. Ele chefiou a administração provisória em Timor Leste
antes das eleições presidenciais e
da independência do país, neste
ano, e a administração da ONU
em Kosovo, em 1999.
Ele disse que propôs ao novo
presidente da OMC (Organização
Mundial do Comércio), Supachai
Panitchpakdi, trabalharem em
um plano conjunto para proteger
as pessoas das injustiças geradas
pelo comércio internacional.
Com agências internacionais
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