São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 2002

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DIPLOMACIA

Comissário de Direitos Humanos, Vieira de Mello vê risco na ação antiterror

Brasileiro assume cargo na ONU

DA REDAÇÃO

O diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, 54, tomou posse ontem em Genebra no cargo de alto comissário de Direitos Humanos da ONU, prometendo impedir que a guerra global contra o terrorismo ameace as liberdades fundamentais das pessoas.
"Depois do que aconteceu nos EUA há um ano [os atentados de 11 de setembro], eu posso entender que medidas duras tinham de ser tomadas", afirmou. "Mas eu farei de tudo para que os governos respeitem os direitos fundamentais das pessoas." O mandato do comissário é de quatro anos, renovável por mais quatro.
Vieira de Mello substitui a irlandesa Mary Robinson, que estava no cargo desde 1997 e vinha sofrendo oposição dos EUA, da Rússia e da China.
Robinson acusou esses países de se esconder atrás da guerra ao terror para avançar sobre as liberdades civis e enfrentar opositores.
Vieira de Mello disse ontem esperar seguir a mesma linha de sua antecessora. "Talvez possa levar algum tempo, mas eu provavelmente seguirei as mesmas linhas que Mary Robinson estava seguindo, com uma ênfase na negociação e na persuasão", disse.
"As prioridades são óbvias. Há questões amplas como a proteção às populações civis em áreas de conflito, o combate ao racismo e suas implicações e os direitos das mulheres", afirmou.
A ONG de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch, que apoiava a permanência de Robinson, pediu "ações imediatas" ontem ao novo alto comissário. "Caso contrário, os avanços obtidos no terreno dos direitos humanos na última década poderão se perder ou ser limitados", disse Joanna Waschler, representante da organização na ONU.
A Comissão Internacional de Juristas pediu a Vieira de Mello a criação, na ONU, de "um mecanismo de controle das medidas antiterror adotadas pelos EUA, para assegurar que estejam de acordo com as normas internacionais de direitos humanos".
Vieira de Mello, filósofo formado pela Universidade de Paris/ Sorbonne, trabalha na ONU desde 1969. Ele chefiou a administração provisória em Timor Leste antes das eleições presidenciais e da independência do país, neste ano, e a administração da ONU em Kosovo, em 1999.
Ele disse que propôs ao novo presidente da OMC (Organização Mundial do Comércio), Supachai Panitchpakdi, trabalharem em um plano conjunto para proteger as pessoas das injustiças geradas pelo comércio internacional.


Com agências internacionais

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