São Paulo, segunda-feira, 13 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

IMIGRAÇÃO

Divididos em três barcos, clandestinos vinham da Líbia, Eritréia, Somália e Egito; Roma convoca embaixador líbio

Itália detém 780 imigrantes ilegais vindos da África

DO "LE MONDE"

Um desembarque recorde de cerca de 780 imigrantes clandestinos vindos no norte da África, entre a noite de sábado e ontem, levou as autoridades italianas a convocar uma reunião de emergência com o embaixador da Líbia hoje, em Roma, para discutir o assunto.
"É uma verdadeira invasão", reagiu Mario Borghezio, da Liga Norte, partido xenófobo que compõe a coalizão de sustentação ao governo do premiê Silvio Berlusconi.
O primeiro barco, provavelmente proveniente da Líbia e levando 480 pessoas, foi parado pela guarda costeira, na altura da ilha de Lampedusa. A ilha é o primeiro porto italiano na rota dos imigrantes clandestinos vindos da costa da África. No ponto de travessia mais curta, Lampedusa fica a 138 km da Tunísia e aproximadamente 300 km da Líbia.
Para um funcionário do centro de acolhimento, "foi o maior desembarque" já visto na ilha.
Todos afirmaram ser palestinos, mas, de acordo com o centro, boa parte deles seria proveniente do Egito e de outros países da África do Norte.
Uma segunda embarcação levava cerca de 170 pessoas.
O número de refugiados aumentou ontem de manhã com a chegada, perto de Siracusa, de um terceiro barco, com cerca de 130 pessoas, vindo da Somália e da Eritréia. No grupo, havia pelo menos sete crianças e 30 mulheres, cinco delas grávidas.
A amplitude do desembarque forçou as autoridades a organizar uma retirada de emergência do maior número possível de imigrantes para centros de retenção temporária.
Mas a Prefeitura de Augusta, para onde foi encaminhada uma parte dos clandestinos, os liberou 24 horas após sua chegada, com uma ordem para deixarem o território italiano em um prazo de cinco dias. Segundo um jornal siciliano, o centro de acolhimento da cidade já estaria saturado.
A Itália e a Líbia têm conversado sobre a implementação de medidas para coibir a imigração ilegal entre os dois países. As patrulhas comuns nas costas dos dois países devem ter início na quinta-feira, segundo uma fonte policial. A proposta da Itália para que sejam criados campos de refugiados em território líbio parece ter sido momentaneamente descartada.

Texto Anterior: EUA: Powell ataca desigualdade no Exército
Próximo Texto: Ásia: Eleição desaponta democratas de Hong Kong
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.