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5 ANOS DE OSLO
Premiê Netanyahu não comparece a evento com Arafat na Noruega; processo de paz está paralisado
Israel não comemora aniversário do acordo
MARCELO STAROBINAS
especial para a Folha
PAULO DANIEL FARAH
da Redação
Há cinco anos, hoje, o líder palestino Iasser Arafat e o premiê israelense Yitzhak Rabin, inimigos durante três décadas, se davam as
mãos numa histórica cerimônia na
Casa Branca, em Washington. Selavam, então, os acordos de Oslo,
alcançados após negociações secretas na capital norueguesa, que
prometiam a solução para um dos
piores conflitos deste século.
Arafat, atualmente presidente da
Autoridade Nacional Palestina
(ANP), voltou a Oslo este ano para
as comemorações do acordo. Dessa vez, não encontrou Rabin, assassinado por um extremista judeu em 1995. O atual premiê israelense, Binyamin Netanyahu, também não estava presente.
A cerimônia, que teve a presença
do ex-premiê e articulador do processo de paz Shimon Peres, foi definida com a seguinte frase pelo
chanceler norueguês, Knut Vollebaek: "É apenas uma homenagem.
Não há razão para comemoração".
Em 1996, o porta-voz de Netanyahu, David Bar-Illan, disse que, já
que nenhum membro do atual governo participou das negociações
de Oslo, seria "difícil" participar
do evento em lembrança aos seus
três anos. Ele reconheceu que o
tratado era "histórico", mas disse
que seriam necessários "alguns
anos para determinar se para o
bem ou para o mal".
Não há, certamente, motivos para grandes comemorações. O processo de paz está congelado desde
março de 1997, quando Netanyahu
aprovou a construção de novos assentamentos judaicos em Jerusalém Oriental. Ações terroristas de
extremistas judeus e muçulmanos
seguem dinamitando o diálogo.
Pressionada pelos EUA, a coalizão de direita de Netanyahu demora na decisão de promover a segunda retirada de tropas da Cisjordânia, que poderia transferir mais
13,1% da região aos palestinos.
O negociador dos EUA Dennis
Ross, em Israel desde quarta-feira,
tenta acelerar o processo de paz.
Ele se reuniu na sexta com Netanyahu, mas nada conseguiu.
A diplomacia norte-americana
esperava conseguir anunciar a nova retirada israelense junto com as
"comemorações" do acordo.
Terra por paz
Os acordos de Oslo previam, em
primeiro lugar, o reconhecimento
mútuo. Tinham como base o conceito de terra por paz: durante a fase intermediária de negociações,
Israel entregaria à administração
palestina territórios da faixa de
Gaza e da Cisjordânia.
A polêmica questão de Jerusalém
-que Israel diz ser sua capital e
reivindicada como capital de um
eventual Estado Palestino- seria
discutida nos debates para o status
final da região, que deveriam ter
começado em maio de 96.
Apesar dos percalços, 2,4 milhões de palestinos que viviam sob
ocupação estão hoje nos territórios
administrados por Arafat.
O controle territorial da ANP,
porém, ainda é reduzido. A Autoridade assumiu o controle basicamente em regiões urbanas -o que
equivale a apenas cerca de 3% da
Cisjordânia. Na zona rural, 27%
ainda está sob comando misto.
O descontentamento com o processo de paz entre os palestinos favorece o crescimento de grupos
extremistas como o Hamas, que,
além de ameaçar Israel com atentados, trava uma guerra interna
pelo poder com a ANP.
A questão dos assentamentos judaicos é outro obstáculo. A construção nos territórios ocupados
militarmente é proibida pela Convenção de Genebra, e a comunidade internacional condena a política de Netanyahu, que segue autorizando a expansão das colônias.
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