da Redação

Os moradores de Hebron (Al Khalil, em árabe) se sentem "trancados pelos israelenses numa jaula". É o que disse à Folha, por telefone, o palestino Abdu al Majid al Qauassima, 62. (PDF) Folha - Como está a situação cinco anos depois de Oslo?
Abdu al Majid al Qauassima - Pior. Os acordos não foram cumpridos de maneira alguma. Os professores estão desanimados. Os salários são baixos, e a Autoridade Nacional Palestina (ANP) não recebe muita ajuda externa.
Folha - Como é a convivência entre palestinos e colonos judeus?
Al Qauassima - Não existe convivência. Os extremistas judeus invadem as casas palestinas e dizem, por exemplo, que aquela casa pertencia a eles cem, mil anos atrás. Os lugares que estão sob administração palestina às vezes são cercados pelos judeus, e ninguém consegue sair. Alguns judeus, no entanto, querem a paz. Da mesma forma, nós, os árabes, a queremos.
Folha - Como vocês vão a Gaza?
Al Qauassima - Para ir da Cisjordânia a Gaza, ou vice-versa, é preciso obter permissão de um comitê formado por palestinos e israelenses. Israel muitas vezes a recusa.
Folha - E o processo de paz...
Al Qauassima - Somos a favor de uma paz verdadeira e justa, que contemple os direitos de todos. Gostamos da paz. Se Netanyahu cumprisse suas obrigações, poderia haver paz. Mas ele sempre desrespeita os acordos e encoraja a construção de assentamentos judaicos. Aqui vivem 400 colonos em meio a mais de 200 mil palestinos.
Folha - O Estado palestino será fundado em maio de 99?
Al Qauassima - Se Deus quiser. Mesmo que isso não satisfaça Israel. E sua capital deve ser "Al Quds" (Jerusalém, em árabe).
Folha - Como é a administração palestina?
Al Qauassima - Ela não tem muito poder. Tudo está nas mãos dos israelenses. A ANP procura garantir a segurança dos cidadãos, mas controla muito pouco do que foi estabelecido pelo tratado. É como se tivéssemos sido trancados pelos israelenses numa jaula. E eles é que possuem a chave dessa jaula.



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