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Em Hebron, Intifada ainda não acabou
especial para a Folha
Em Hebron, a Intifada (guerra
das pedras) ainda não acabou. A
cidade da Cisjordânia é um símbolo do difícil caminho que judeus e
palestinos ainda têm de percorrer
para chegar à paz.
Cerca de 80% de seu perímetro
urbano foi entregue pelo atual governo ao controle da Autoridade
Palestina, em janeiro de 1997.
A comunidade judaica local, que
diz ter hoje 550 integrantes, vive
enclausurada atrás de grades, muros e guaritas do Exército de Israel.
Diariamente há enfrentamentos
na região, com atos extremistas
das duas partes em conflito.
Há três semanas, por exemplo,
um rabino morreu esfaqueado
dentro de sua casa. Em fevereiro de
1994, o médico ultra-ortodoxo judeu Baruch Goldstein metralhou
os muçulmanos que rezavam dentro da Tumba dos Patriarcas, matando 29 palestinos. Até hoje, os
colonos provocam os palestinos
com homenagens à memória de
Goldstein.
"Agora tudo aqui é muito mais
perigoso do que antes dos acordos
de Oslo", disse à Folha, por telefone, David Wilder, porta-voz da comunidade judaica de Hebron.
"Em 1993, o Exército de Israel tinha controle sobre toda a cidade.
Podia controlar os terroristas antes que eles chegassem aqui. Agora, 80% de Hebron está sob controle da Autoridade Palestina. Nossos
soldados não podem entrar lá para
buscar os agressores."
Para os palestinos, a presença das
colônias judaicas em Hebron representa a lembrança amarga dos
30 anos de ocupação israelense.
Os judeus de Hebron estão ligados à direita religiosa de Israel.
"Sempre nos opusemos aos acordos de paz", disse Wilder. "Se o governo entregar mais terras aos palestinos, as coisas vão ficar ainda
pior. Não só para nós, em Hebron,
mas para todo o resto do país, que
não terá mais segurança."
Na visão dos colonos de Hebron,
o futuro deverá trazer ainda mais
violência. As afirmações do presidente da ANP, Iasser Arafat, de
que vai declarar um Estado Palestino independente, em maio de
1999, são um prenúncio. "Essas declarações são um péssimo sinal.
Poderemos ter uma guerra", observa Wilder.
(MS)
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