The Independent

de Londres A história de Mike Barnicle, o colunista do "The Boston Globe", cujas colunas continham notícias inverídicas, parecia ter terminado quando ele pediu demissão do jornal. Mas não foi bem assim.
James Hirsch, que cobriu o assunto para o "The Wall Street Journal", escreveu que a empresa New York Times, proprietária do "The Boston Globe", "se negou a comentar o assunto".
Na verdade, porém, ele não telefonara para a porta-voz do jornal de Nova York, Nancy Nielsen, e ela havia dado uma declaração composta de duas sentenças. Hirsch foi demitido.
O ano passado foi marcado por demissões e medidas disciplinares tomadas contra jornalistas na mídia americana. Steven Glass escreveu artigos contendo inverdades para a revista "The New Republic" e outros periódicos.
Além disso, a malfadada matéria divulgada pela CNN, dizendo que os EUA haviam usado gás sarin contra desertores americanos durante a Guerra do Vietnã, foi desmentida.
Os casos de Hirsch, Barnicle e Glass são bem diferentes. Não há dúvida de que o que Hirsch escreveu foi uma inverdade, mas, no contexto do cotidiano da maioria dos repórteres, foi compreensível.
Já Steven Glass não duraria dez minutos no "The Wall Street Journal". Ele inventou artigos do começo ao fim, chegando ao ponto de "criar" um site e uma caixa de correio de voz para uma empresa que ele próprio inventara.
Mike Barnicle fica entre esses dois extremos. Era colunista do "Boston Globe" havia muito tempo. A coluna pela qual foi repreendido dizia respeito a duas crianças com câncer internadas num hospital, uma delas branca, a outra, negra. Era uma história positiva de pessoas que conseguiram passar por cima de suas diferenças raciais e de classe social, mas provou ser impossível de ser consolidada.
A mídia está passando por transformações, que incluem a revisão das velhas premissas. Cada vez mais, é um negócio movido por executivos. Além disso, nos EUA a própria imprensa é notícia, por isso é sujeita a uma fiscalização cada vez mais intensa.
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