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ESCÂNDALO NA CASA BRANCA
Segundo pesquisa, 45% dos americanos querem a renúncia, mas 57% aprovam o governo
Aumenta apoio ao afastamento de Clinton
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
de Washington
As primeiras pesquisas de opinião pública feitas nos EUA após a
divulgação do relatório sobre o escândalo Lewinsky mostram significativo aumento do apoio às hipóteses de renúncia e impeachment
do presidente Bill Clinton.
Segundo a rede de TV ABC, 45%
dos entrevistados acham que Clinton deve renunciar. Em agosto,
após o discurso em que o presidente admitiu o caso extraconjugal, o
número era de 30%.
De acordo com a mesma pesquisa, 57% dos entrevistados dizem
que o Congresso deve afastar Clinton com impeachment se ficar
provado que ele encorajou Monica
Lewinsky ou seus auxiliares a mentir em juízo. Numa total reversão
do que as pesquisas mostravam há
um mês, 56% dizem acreditar no
promotor independente Kenneth
Starr, não em Clinton.
Mas a maioria absoluta dos entrevistados (57%) continua a avaliar positivamente o governo Clinton. Após o discurso de 17 de agosto, essa porcentagem era de 62%.
Os números parecem indicar
que, embora a opinião pública ainda julgue Clinton um bom presidente, cresce a impressão de que
seu comportamento pessoal o inabilita para o exercício do poder.
É possível que, passado o choque
das revelações de sexta-feira, ocorra um refluxo no sentimento de indignação que elas provocaram.
Mas também não é improvável
que, com o passar do tempo, a
maior disseminação dos detalhes
escabrosos do escândalo cristalize
no público a opinião de que Clinton não merece ficar no cargo.
Hoje é um dia fundamental para
esse processo coletivo de avaliação. O que os pastores disserem
em seus sermões esta manhã influirá de maneira decisiva no julgamento que os norte-americanos
afinal farão de Clinton.
Uma das minúcias relatadas por
Lewinsky será particularmente
lembrada pelos religiosos. Segundo ela, um dos dez encontros sexuais que teve com Clinton na Casa Branca ocorreu logo depois do
serviço de Páscoa de 1996.
O alvo das sucessivas demonstrações de remorso que Clinton
tem feito há duas semanas são os
religiosos, uma fração muito importante da opinião pública.
O presidente confessa que pecou,
mas não admite ser punido na Terra, a não ser com o espetáculo de
humilhação pública a que se submete. Seus advogados enviaram ao
Congresso, ontem, a segunda resposta ao relatório de Starr.
Mais uma vez, eles vão tentar explicar como o presidente pode ter
mentido em juízo sem cometer crime de falso testemunho, como ele
pode ter sugerido linhas de depoimento a subalternos sem constranger testemunhas. Tudo baseado em tecnicidades jurídicas.
É improvável que o público ou
o Congresso preste muita atenção a esses detalhes jurídicos. O
julgamento se dará no campo da
política e da imagem.
O calendário do processo foi
divulgado ontem. A Comissão de
Justiça da Câmara vai, até o dia
28, examinar as 36 caixas de documentos entregues por Starr.
Até o dia 9 de outubro, a Comissão resolverá se aceita ou rejeita
as recomendações do relatório.
Caso as aceite, audiências públicas sobre o caso diante da Comissão começarão em 4 de novembro, um dia após as eleições
parlamentares. Depois, sem prazo, a Câmara vota se manda o caso ao Senado.
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