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Casal Clinton chega aos 23 anos de casamento
de Washington
Daqui a um mês, no dia 11 de outubro, Hillary Rodham e William
Clinton vão comemorar 23 anos de
casados e 24 anos de coabitação.
Em 1974, a advogada Hillary tomou a decisão mais arrojada de
sua vida. Largou o emprego de assessora parlamentar em Washington (no qual trabalhara no impeachment de Richard Nixon), a
carreira promissora, a família de
classe média em Chicago e foi viver
com seu namorado no fim do
mundo, Fayeteville, Arkansas.
William era ambicioso. Hillary
também. Os dois fizeram um casamento em que pode ter havido
amor, mas em que o componente
fundamental parece sempre ter sido ganhar e manter o poder.
Eles passaram a lua-de-mel em
Acapulco, a exemplo do ídolo dele,
John Kennedy. De volta a Arkansas, mantiveram uma relação em
termos parecidos com os que o
ídolo dela, Eleanor Roosevelt, tivera com o marido: mais do que mulher, Hillary serviu como um tipo
de farol político para William.
William sempre gostou de mulheres. Monica Lewinsky afirmou
em juízo que ele lhe disse ter tido
"centenas" de amantes nos seus 12
primeiros anos de casado.
Hillary, como Eleanor Roosevelt,
parece ter resolvido fazer vistas
grossas para as infidelidades em
nome do seu projeto de poder.
Outro fator para a condescendência de Hillary pode ter sido a
defesa do melhor interesse da filha
do casal, Chelsea, nascida em 1980,
esta sim, aparentemente objeto de
legítimo amor de pai e mãe.
No seu livro "It Takes a Village",
a primeira-dama reconheceu que
sua "forte convicção de que o divórcio tem efeitos negativos sobre
os filhos" foi um dos motivos por
que seu casamento com Clinton se
manteve.
É provável que o ressentimento
que Hillary demonstra estar sentindo contra o marido nas últimas
semanas tenha muito menos a ver
com sua dignidade de mulher ferida do que com o fato de que ele
possa ter posto a perder o projeto
político que tinham em comum.
A maior traição de Clinton, na visão de Hillary, pode não ter sido
contra o seu casamento, mas contra o poder. Como alguém tão esperto pode ter colocado tudo em
risco por um motivo aparentemente tão estúpido? Para Hillary, o
investimento de 24 anos em Wil-liam agora pode se acabar, e ela
não vai perdoá-lo por isso.
(CELS)
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