São Paulo, domingo, 13 de setembro de 1998

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Casal Clinton chega aos 23 anos de casamento

de Washington

Daqui a um mês, no dia 11 de outubro, Hillary Rodham e William Clinton vão comemorar 23 anos de casados e 24 anos de coabitação.
Em 1974, a advogada Hillary tomou a decisão mais arrojada de sua vida. Largou o emprego de assessora parlamentar em Washington (no qual trabalhara no impeachment de Richard Nixon), a carreira promissora, a família de classe média em Chicago e foi viver com seu namorado no fim do mundo, Fayeteville, Arkansas.
William era ambicioso. Hillary também. Os dois fizeram um casamento em que pode ter havido amor, mas em que o componente fundamental parece sempre ter sido ganhar e manter o poder.
Eles passaram a lua-de-mel em Acapulco, a exemplo do ídolo dele, John Kennedy. De volta a Arkansas, mantiveram uma relação em termos parecidos com os que o ídolo dela, Eleanor Roosevelt, tivera com o marido: mais do que mulher, Hillary serviu como um tipo de farol político para William.
William sempre gostou de mulheres. Monica Lewinsky afirmou em juízo que ele lhe disse ter tido "centenas" de amantes nos seus 12 primeiros anos de casado.
Hillary, como Eleanor Roosevelt, parece ter resolvido fazer vistas grossas para as infidelidades em nome do seu projeto de poder.
Outro fator para a condescendência de Hillary pode ter sido a defesa do melhor interesse da filha do casal, Chelsea, nascida em 1980, esta sim, aparentemente objeto de legítimo amor de pai e mãe.
No seu livro "It Takes a Village", a primeira-dama reconheceu que sua "forte convicção de que o divórcio tem efeitos negativos sobre os filhos" foi um dos motivos por que seu casamento com Clinton se manteve.
É provável que o ressentimento que Hillary demonstra estar sentindo contra o marido nas últimas semanas tenha muito menos a ver com sua dignidade de mulher ferida do que com o fato de que ele possa ter posto a perder o projeto político que tinham em comum.
A maior traição de Clinton, na visão de Hillary, pode não ter sido contra o seu casamento, mas contra o poder. Como alguém tão esperto pode ter colocado tudo em risco por um motivo aparentemente tão estúpido? Para Hillary, o investimento de 24 anos em Wil-liam agora pode se acabar, e ela não vai perdoá-lo por isso. (CELS)



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