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Na Flórida, até
o ar é suspeito
de terrorismo
DO "THE NEW YORK TIMES"
Tendo aprendido, no último mês, a temer aviões e
edifícios altos, Boca Raton,
um paraíso para aposentados endinheirados da Flórida, foi um pouco mais longe:
passou a desconfiar do próprio ar que respira.
As pessoas se assustam
quando o vento começa a
soprar do bairro de Broken
Sound, que abriga clubes e
empresas como a American
Media, a editora de tablóides
que, por alguma razão, tem
esporos de antraz em seu
edifício. Fazem o possível
para afastar-se dos funcionários da empresa em academias e salões de beleza.
Procuram o médico ao menor indício de febre ou fadiga nelas ou nos filhos.
"Pensei que eles tivessem
as coisas sob controle", comentou o marceneiro Steve
Siebert, 19, que trabalha do
outro lado da rua da American Media. "Mas os últimos
dois dias trabalhando perto
daquele lugar me deixaram
um pouco preocupado. Esporos voando pelo ar e tudo
isso... Meu medo é que eu já
tenho pego a doença."
O antraz em si pode não
ser contagioso, como as autoridades de saúde querem
que a população da Flórida
acredite, mas o medo dessa
doença exótica e letal é tão
contagioso quanto catapora.
Depois do anúncio de que
esporos de antraz tinham sido encontrados num terceiro funcionário da American
Media, a tensão atingiu níveis altos. Em todo o sul da
Flórida, pessoas que não têm
nenhuma conexão com a
empresa estão implorando a
seus médicos receitas de ciprofloxacina e outros antibióticos caros. As farmácias
não estão dando conta da
procura.
"Todo o mundo quer Cipro, Cipro, Cipro", disse Jan
Schuman, gerente da farmácia Boca. "A coisa está fora
de controle. Muitas pessoas
estão histéricas." Ele contou
que sua farmácia costuma
pedir às distribuidoras 200
comprimidos de Cipro por
semana, mas, na quinta-feira, aumentou o pedido para
600. Os farmacêuticos fazem
o máximo para distinguir os
fregueses que realmente precisam do medicamento
-por exemplo, funcionários da American Media-
daqueles que o estão pedindo apenas por medo.
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