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SAIBA MAIS
Casos naturais da doença são raros no Brasil
DA REPORTAGEM LOCAL
Antes de a bactéria Bacillus
anthracis espalhar o medo do
bioterrorismo, poucas pessoas
no Brasil saberiam dizer o que
é o antraz. Alguns habitantes
de zonas rurais, porém, conhecem a doença há muito tempo.
Só que no Brasil ela é mais conhecida pelo nome de carbúnculo. Os casos humanos são raros e só ocorrem com quem lida diretamente com animais.
No clássico "Os Sertões", de
1902, Euclydes da Cunha faz já
referência ao carbúnculo como
uma zoonose comum no Nordeste no fim do século 19.
O nome da bactéria vem do
grego anthracis, que significa
carvão. É uma alusão às feridas
escuras provocadas pela doença. Na natureza, o bacilo infecta
bois, porcos, ovelhas e, raramente, cavalos. Já existe uma
vacina para uso animal, pouco
disseminada no Brasil.
Em humanos, a contaminação pode ocorrer de três formas: pela ingestão de carne
contaminada, pelo contato de
esporos do bacilo com lesões
na pele ou pela sua inalação.
A forma cutânea é a mais comum. Ela produz pústulas na
pele que são fáceis de tratar. A
versão pulmonar é a mais perigosa, podendo matar em poucos dias (veja quadro à esq.).
O carbúnculo não é considerado um problema de saúde
pública. "Em toda a minha vida, recebi apenas dois casos de
antraz, e na forma cutânea. Os
dois eram veterinários que fizeram autópsias em animais.",
diz o infectologista Vicente
Amato Neto, professor da USP.
Segundo Amato, os bons laboratórios de bacteriologia do
país costumam manter culturas do antraz para estudos.
Os primeiros sintomas do
mal são como os da gripe e do
resfriado, podendo evoluir para falência generalizada dos
pulmões em poucos dias.
Das 90 variantes do bacilo,
poucas são suficientemente virulentas a ponto de infectar humanos. E, para conseguir penetrar nos alvéolos pulmonares,
os esporos devem ter menos de
10 milésimos de milímetro de
diâmetro -ou seja, é preciso
uma seleção em laboratório.
A detecção é simples. Basta
recolher as amostras do material suspeito e levar ao microscópio. O exame leva poucas horas. Enquanto isso, é só tomar
antibióticos para prevenir a infecção. "Até penicilina resolve,
se for dada na hora certa. Depois que começam os sintomas
da forma grave, não tem antibiótico que resolva", diz o médico Roque Monteleone Neto,
diretor do Departamento de
Assuntos Nucleares e de Bens
Sensíveis do Ministério da
Ciência e Tecnologia.
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