DA REDAÇÃO

A descoberta de focos da bactéria antraz e a paranóia da contaminação não estão restritas apenas aos Estados Unidos.
No Cazaquistão foram encontrados focos do microorganismo, e a França viveu ontem mais um dia de alarmes falsos, ao mesmo tempo que a União Européia anunciou a criação de uma força-tarefa de combate a possíveis ataques químicos, biológicos ou nucleares.
Inspetores norte-americanos encontraram focos da bactéria antraz em instalações militares no Cazaquistão, onde estão armazenadas armas biológicas do período em que o país fazia parte da extinta União Soviética.
"Era uma inspeção de rotina, que fazia parte de um programa conjunto [entre EUA e Cazaquistão" para desarmamento. Ninguém foi infectado. Todas as pessoas que tiveram contato com o antraz estão sendo medicadas", afirmou um dos norte-americanos, que não se identificou.
Os inspetores, pertencentes ao Ministério da Defesa dos EUA, trabalham totalmente protegidos, com roupas que isolam o corpo de qualquer possibilidade de contaminação, não havendo, portanto, risco de contágio, segundo autoridades norte-americanas.
Especialistas dizem que parte das bactérias antraz produzidas pela ex-União Soviética pode ser desviada para criminosos ou grupos extremistas.
A agência de notícias russa "Interfax" disse que pelo menos 12 pessoas foram infectadas por antraz no Cazaquistão no último verão (inverno no Brasil). Porém não deu maiores detalhes.
O Cazaquistão se localiza na Ásia Central, mas não faz fronteira com o Afeganistão, país alvo dos ataques norte-americanos e de onde operaria a rede terrorista Al Qaeda, ligada a Bin Laden.
O Consulado da Alemanha em Bordeaux, na França, precisou ser esvaziado ontem, após receber uma carta com uma suposta assinatura de Bin Laden.
A prefeitura local não determinou no que consistia a ameaça, porém o corpo de bombeiros afirma ter sido mobilizado pelo temor de que estivesse acontecendo um ataque biológico.
Um cordão de isolamento foi armado para evitar que pessoas entrassem no prédio onde funciona o consulado. Após verificar-se que não havia nada suspeito, os trabalhos foram retomados no consulado.

No ar
Um vôo fretado da Air France que seguia de Lyon, na França, para Londres, retornou para o ponto inicial após se descobrir um rabisco no qual se lia "viva Bin Laden".
Ao regressar ao aeroporto de Lyon, o avião e os passageiros passaram por diversas checagens de controle antes de a aeronave decolar novamente. O autor do rabisco seria um trabalhador do terminal de onde saiu o vôo, que acabou sendo demitido.
As falsas ameaças que acontecem na França após os atentados nos EUA já provocaram numerosas operações de esvaziamento, como as dos aeroportos de Orly, em Paris, e de Montpellier. A torre Eiffel, principal cartão-postal de Paris, também foi esvaziada após alarmes falsos de atentados.
Na Alemanha, anteontem, também houve suspeitas de que envelopes estivessem contaminados no correio de uma pequena cidade. Israel, Índia e outros países também já foram alvos de falsos alarmes de atentados biológicos.

Ofensiva
Em meio à paranóia pela qual passa o continente, a União Européia anunciou ontem em Bruxelas (Bélgica) a criação de uma força-tarefa de combate a ataques químicos, biológicos ou nucleares. Essa força será composta por uma rede de analistas e de informações que deverão ser trocadas entre os países-membros da entidade.