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O ALVO
Mulá Omar diz que "princípios e religião" do Afeganistão impedem entrega de Bin Laden
Taleban recusa nova oferta de Bush
DA REDAÇÃO
O líder supremo do Taleban,
mulá Mohammad Omar, disse
que Osama bin Laden não podia
ser entregue aos EUA porque isso
seria contrário à religião e aos
princípios afegãos, afirmou ontem o jornal "Asharq al Awsat".
"Os princípios e a religião do
Afeganistão impedem que entreguemos Bin Laden", disse Omar,
segundo o diário em língua árabe
publicado em Londres.
O "Asharq al Awsat" divulgou
trechos de uma entrevista de
Omar à revista "Al Majalla"
-que faz parte do mesmo grupo
editorial que publica o jornal-
que chegará às bancas amanhã.
"O homem lutou conosco na jihad contra os soviéticos e gastou
seu dinheiro nisso, assim como
nossos outros hóspedes muçulmanos. Todos eles têm direito à
nossa hospitalidade enquanto
cumprirem nossas regras", disse.
Anteontem, o presidente dos
EUA, George W. Bush, oferecera
ao Taleban uma última chance
para entregar Bin Laden, acusado
de planejar os ataques de 11 de setembro. O jornal não informou
quando Omar deu a entrevista.
O líder do Taleban, grupo extremista islâmico que controla a
maior parte do território afegão,
disse ainda que não há "provas
que confirmem firmemente" o
envolvimento de Bin Laden nos
ataques. "Nem ele nem nenhum
país muçulmano têm a capacidade" para realizar os ataques, afirmou. "Acredito que os perpetradores sejam de dentro dos EUA."
Segundo o "Asharq al Awsat",
Omar disse que já havia se preparado para morrer -mas que sua
morte não significaria o fim da
guerra- e adotou um tom desafiador ao falar da habilidade do
Taleban de resistir aos EUA. "Temos muitas armas, nossa posição
econômica é boa e não estou isolado da população."
Resistência
No Afeganistão, clérigos muçulmanos exortaram a população a
resistir aos ataques ao país.
"A jihad é agora uma necessidade para todos os muçulmanos, e
afegãos que ajudarem a América
podem ser mortos", disse um clérigo durante as preces em uma
mesquita em Jalalabad (leste do
Afeganistão), segundo a agência
"AIP (Afghan Islamic Press)". Depois do serviço, milhares de pessoas protestaram contra os ataques dos EUA e do Reino Unido.
"A América pode destruir nosso
país, mas não nossa fé e nossos
princípios. Lutaremos até o último suspiro", afirmou outro clérigo em Candahar (sul do país).
Em Cabul, moradores tentavam
aproveitar o dia mais calmo desde
domingo passado, quando os ataques começaram, para retomar a
vida normal. A falta de combustível começava a ser sentida, mas a
maioria dos alimentos ainda estava disponível, disse a "AIP".
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