São Paulo, sábado, 13 de outubro de 2001

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O ALVO

Mulá Omar diz que "princípios e religião" do Afeganistão impedem entrega de Bin Laden

Taleban recusa nova oferta de Bush

DA REDAÇÃO

O líder supremo do Taleban, mulá Mohammad Omar, disse que Osama bin Laden não podia ser entregue aos EUA porque isso seria contrário à religião e aos princípios afegãos, afirmou ontem o jornal "Asharq al Awsat".
"Os princípios e a religião do Afeganistão impedem que entreguemos Bin Laden", disse Omar, segundo o diário em língua árabe publicado em Londres.
O "Asharq al Awsat" divulgou trechos de uma entrevista de Omar à revista "Al Majalla" -que faz parte do mesmo grupo editorial que publica o jornal- que chegará às bancas amanhã.
"O homem lutou conosco na jihad contra os soviéticos e gastou seu dinheiro nisso, assim como nossos outros hóspedes muçulmanos. Todos eles têm direito à nossa hospitalidade enquanto cumprirem nossas regras", disse.
Anteontem, o presidente dos EUA, George W. Bush, oferecera ao Taleban uma última chance para entregar Bin Laden, acusado de planejar os ataques de 11 de setembro. O jornal não informou quando Omar deu a entrevista.
O líder do Taleban, grupo extremista islâmico que controla a maior parte do território afegão, disse ainda que não há "provas que confirmem firmemente" o envolvimento de Bin Laden nos ataques. "Nem ele nem nenhum país muçulmano têm a capacidade" para realizar os ataques, afirmou. "Acredito que os perpetradores sejam de dentro dos EUA."
Segundo o "Asharq al Awsat", Omar disse que já havia se preparado para morrer -mas que sua morte não significaria o fim da guerra- e adotou um tom desafiador ao falar da habilidade do Taleban de resistir aos EUA. "Temos muitas armas, nossa posição econômica é boa e não estou isolado da população."

Resistência
No Afeganistão, clérigos muçulmanos exortaram a população a resistir aos ataques ao país.
"A jihad é agora uma necessidade para todos os muçulmanos, e afegãos que ajudarem a América podem ser mortos", disse um clérigo durante as preces em uma mesquita em Jalalabad (leste do Afeganistão), segundo a agência "AIP (Afghan Islamic Press)". Depois do serviço, milhares de pessoas protestaram contra os ataques dos EUA e do Reino Unido.
"A América pode destruir nosso país, mas não nossa fé e nossos princípios. Lutaremos até o último suspiro", afirmou outro clérigo em Candahar (sul do país).
Em Cabul, moradores tentavam aproveitar o dia mais calmo desde domingo passado, quando os ataques começaram, para retomar a vida normal. A falta de combustível começava a ser sentida, mas a maioria dos alimentos ainda estava disponível, disse a "AIP".


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