São Paulo, sábado, 13 de outubro de 2001

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GUERRA À GUERRA

Ativistas enfrentam polícia no Paquistão, na Índia e na Indonésia após prece semanal

Extremistas protestam com violência

DA REDAÇÃO

Atos violentos voltaram a irromper no Paquistão, na Índia e na Indonésia ontem, dia sagrado semanal muçulmano.
Em Karachi, cerca de 20 mil militantes islâmicos travaram uma batalha campal contra a polícia paquistanesa e destruíram instalações do governo, queimaram veículos e atacaram duas lojas da cadeia americana de fast food Kentucky Fried Chicken. Uma filial da rede sofreu um atentado a bomba no interior da Indonésia.
Cinco pessoas ficaram feridas durante os distúrbios paquistaneses, incluindo três policiais -dois feridos por tiros disparados por ativistas- e uma menina, hospitalizada em estado grave.
Os atos foram convocados pelos líderes dos partidos políticos muçulmanos e pelo influente Conselho de Defesa do Paquistão e do Afeganistão, entidade que aglutina 35 formações que apóiam o Taleban (a milícia que controla a maior parte do território afegão).
Antes das preces do meio-dia, nas quais muitos religiosos convocaram os fiéis a uma "guerra santa", Islamabad determinou a prisão dos dirigentes da organização islâmica Jamiat Ulema-i-Islam que deveriam encabeçar as manifestações. São cinco os líderes extremistas presos em menos de uma semana.
Nas outras cidades paquistanesas, o policiamento impediu manifestações violentas. Cerca de 25 mil marcharam em Quetta e 5.000, em Peshawar.
Islamabad, acuada pelo compromisso de apoio à ofensiva militar americana e pela crescente oposição popular em relação aos bombardeios, diz ter a situação sob controle, contudo.
O general Pervez Musharraf adverte que não tolerará protestos violentos em seu país e ameaça deportar os refugiados considerados agitadores -60 foram detidos ontem em Karachi e poderão ser reenviados para o Afeganistão. O presidente tenta evitar que se repita o incidente da cidade de Quetta, onde cinco manifestantes foram mortos.
Fora de suas fronteiras, a imagem do governo também se deteriora, contudo. Cerca de 3.000 refugiados afegãos, apoiados por militantes islâmicos, tentaram atacar ontem um consulado paquistanês no sudeste do Irã e entraram em choque com policiais.

Choques
Apenas mil pessoas, um quinto do contingente policial mobilizado, foram às ruas de Jacarta para participar de manifestações.
Numa exibição de força, policiais utilizaram jatos de água para dispersar os ativistas, que se congregavam diante da Embaixada dos EUA na capital indonésia pelo quinto dia consecutivo.
Em Makassar, contudo, uma bomba de grande potência explodiu num restaurante da Kentucky Fried Chicken antes do amanhecer. Houve graves danos materiais, mas ninguém ficou ferido.
Ao menos 75 pessoas, entre elas vários policiais, ficaram feridas em confrontos na Índia decorrentes de manifestações. Milhares de muçulmanos tomaram as ruas em diversas cidades.
Em Srinagar, na Caxemira, 25 foram feridos em enfrentamentos. Em Haiderabad, mais 50 se feriram. Na capital, Nova Déli, o líder da principal mesquita da cidade pediu para Allah "a destruição dos EUA e do Reino Unido" e "força para os guerrilheiros muçulmanos afegãos".
Protestos na Nigéria acabaram com feridos, devido a enfrentamentos entre estudantes e polícia.
As marchas na Cisjordânia e na faixa de Gaza foram calmas. Em Gaza, o governo palestino deteve temporariamente três jornalistas estrangeiros que cobriam uma manifestação de apoio a Osama bin Laden.


Com agências internacionais



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