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Morte de civis é rotina da ocupação
DO "LE MONDE", EM BAGDÁ
Soldados norte-americanos
abriram fogo contra um caminhão que transportava galinhas,
nas imediações de Fallujah, oeste
do Iraque, e mataram os cinco civis do veículo.
O incidente ocorreu na noite de
terça-feira. Jornalistas presenciaram ontem a entrega dos corpos
das vítimas a seus familiares.
Milhares de outros civis foram
mortos por norte-americanos,
que os iraquianos acusam de brutais e arrogantes. Circulam sem
intérpretes e não foram treinados
para atuar em meio urbano.
O coronel Bryan P. McCoy, que
liderou, em 9 de abril, a tomada
do centro de Bagdá, evoca a "dominação brutal" e necessária das
tropas.
"Isso aqui só vai acabar quando
o último partidário de Saddam estiver com moscas comendo o globo ocular", diz ele.
McCoy fez o uso despropositado da força e promoveu um banho de sangue nas imediações da
ponte de Diyala. Um furgão em
que estava Zainab Salim foi atingido. Morreram seu marido, seu
filho e uma irmã. Ela fala de "crime e vergonha".
Em Nassiriah (região sul do Iraque), no início da guerra, Dahan
Kassin perdeu os quatro filhos e
teve uma perna amputada por
conta do que chamou de insolência norte-americana.
Ele decidiu, em 25 de março,
deixar a cidade em razão dos
bombardeios. Seguia para a casa
da mãe, com a família, num Peugeot 306. Deteve-se a 60 metros de
uma barragem de tanques americanos. Começou uma chuva de
balas. Três das crianças foram
atingidas e mortas.
Ele, sua mulher e a filha sobrevivente, com uma bala alojada na
cabeça, foram levados a um prédio ocupado pelos americanos.
Passaram a noite sem atendimento médico.
No dia seguinte os levaram a um
hospital militar. Mas, como militares feridos precisavam dos leitos, a família foi retirada do hospital e colocada ao relento, numa
noite bastante fria.
Na noite seguinte, um helicóptero o levou a um navio usado como hospital no litoral do Kuait
-onde foi informado de que a filha sobrevivente morrera de frio.
Com a Associated Press
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