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São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 2003

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Morte de civis é rotina da ocupação

DO "LE MONDE", EM BAGDÁ

Soldados norte-americanos abriram fogo contra um caminhão que transportava galinhas, nas imediações de Fallujah, oeste do Iraque, e mataram os cinco civis do veículo.
O incidente ocorreu na noite de terça-feira. Jornalistas presenciaram ontem a entrega dos corpos das vítimas a seus familiares.
Milhares de outros civis foram mortos por norte-americanos, que os iraquianos acusam de brutais e arrogantes. Circulam sem intérpretes e não foram treinados para atuar em meio urbano.
O coronel Bryan P. McCoy, que liderou, em 9 de abril, a tomada do centro de Bagdá, evoca a "dominação brutal" e necessária das tropas.
"Isso aqui só vai acabar quando o último partidário de Saddam estiver com moscas comendo o globo ocular", diz ele.
McCoy fez o uso despropositado da força e promoveu um banho de sangue nas imediações da ponte de Diyala. Um furgão em que estava Zainab Salim foi atingido. Morreram seu marido, seu filho e uma irmã. Ela fala de "crime e vergonha".
Em Nassiriah (região sul do Iraque), no início da guerra, Dahan Kassin perdeu os quatro filhos e teve uma perna amputada por conta do que chamou de insolência norte-americana.
Ele decidiu, em 25 de março, deixar a cidade em razão dos bombardeios. Seguia para a casa da mãe, com a família, num Peugeot 306. Deteve-se a 60 metros de uma barragem de tanques americanos. Começou uma chuva de balas. Três das crianças foram atingidas e mortas.
Ele, sua mulher e a filha sobrevivente, com uma bala alojada na cabeça, foram levados a um prédio ocupado pelos americanos. Passaram a noite sem atendimento médico.
No dia seguinte os levaram a um hospital militar. Mas, como militares feridos precisavam dos leitos, a família foi retirada do hospital e colocada ao relento, numa noite bastante fria.
Na noite seguinte, um helicóptero o levou a um navio usado como hospital no litoral do Kuait -onde foi informado de que a filha sobrevivente morrera de frio.


Com a Associated Press


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