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São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 2003

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Bush manda Bremer acelerar a transição

DA REDAÇÃO

Chamado às pressas anteontem a Washington, o diplomata Paul Bremer, que comanda a Autoridade Provisória da Coalizão (APC) no Iraque, recebeu ontem do presidente George W. Bush a ordem de acelerar o processo de transição no país e passar o poder a uma autoridade interina iraquiana o mais rápido possível.
A decisão foi tomada diante do crescente número de baixas militares americanas no país -155 somente em ataques no pós-guerra- e do abrupto aumento de ataques contra representações e bases de países aliados aos EUA e de organismos internacionais.
Bremer -que em dois dias na capital americana se encontrou com Bush, com o secretário de Estado, Colin Powell, com o da Defesa, Donald Rumsfeld, com a assessora da Casa Branca para Segurança Nacional, Condoleezza Rice, e com o diretor da CIA (serviço secreto), George Tenet- disse que voltaria a Bagdá rapidamente a fim de debater com os 24 membros do Conselho de Governo Iraquiano as medidas possíveis para acelerar o processo.
"Teremos dias difíceis pela frente, pois os terroristas estão determinados a tirar dos iraquianos o direito de governar seu próprio país", disse Bremer, citando o ataque a uma base italiana no Iraque.
"[O presidente] continua firme em seu propósito de derrotar o terrorismo no Iraque e de dar aos iraquianos o controle de seu país", afirmou. Ele não disse qual seria a proposta de Bush e evitou comentar as críticas ao desempenho do conselho.
O grupo, que tem poder consultivo e está submetido à APC, foi encarregado de traçar um cronograma para a Constituição iraquiana, sem a qual seria inviável, segundo os EUA, a promoção de eleições diretas e a consequente soberania do país -o que permitiria o fim da ocupação. Mas o processo está atrasado, e o cronograma dificilmente será entregue até 15 de dezembro (prazo imposto por Washington), o que tem gerado atritos com a APC e entre a APC e o governo dos EUA.
Um relatório da CIA que vazou ontem para a imprensa vê na aceleração da transição o único meio de evitar o colapso da reconstrução e conter a violência no país.
A situação alimenta boatos de que Bremer poderia ser retirado do cargo -a mudança seria a terceira durante a ocupação, depois que o diplomata substituiu o general da reserva Jay Garner e que Condoleezza Rice passou a centralizar as decisões sobre o Iraque.
"Estamos considerando todo tipo de idéia para acelerar o ritmo da reforma. Queremos acelerar nosso trabalho no que diz respeito à criação de uma base para o governo iraquiano", disse Powell.
Já o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, afirmou que os EUA perceberam a necessidade de ser flexível diante das dificuldades encontradas no Iraque. "Do mesmo modo que é preciso adaptar a segurança para enfrentar o inimigo, é preciso se adaptar às circunstâncias em campo na frente política e na reconstrução."


Com agências internacionais

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