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Bush manda Bremer
acelerar a transição
DA REDAÇÃO
Chamado às pressas anteontem
a Washington, o diplomata Paul
Bremer, que comanda a Autoridade Provisória da Coalizão
(APC) no Iraque, recebeu ontem
do presidente George W. Bush a
ordem de acelerar o processo de
transição no país e passar o poder
a uma autoridade interina iraquiana o mais rápido possível.
A decisão foi tomada diante do
crescente número de baixas militares americanas no país -155
somente em ataques no pós-guerra- e do abrupto aumento de
ataques contra representações e
bases de países aliados aos EUA e
de organismos internacionais.
Bremer -que em dois dias na
capital americana se encontrou
com Bush, com o secretário de Estado, Colin Powell, com o da Defesa, Donald Rumsfeld, com a assessora da Casa Branca para Segurança Nacional, Condoleezza Rice, e com o diretor da CIA (serviço
secreto), George Tenet- disse
que voltaria a Bagdá rapidamente
a fim de debater com os 24 membros do Conselho de Governo Iraquiano as medidas possíveis para
acelerar o processo.
"Teremos dias difíceis pela frente, pois os terroristas estão determinados a tirar dos iraquianos o
direito de governar seu próprio
país", disse Bremer, citando o ataque a uma base italiana no Iraque.
"[O presidente] continua firme
em seu propósito de derrotar o
terrorismo no Iraque e de dar aos
iraquianos o controle de seu
país", afirmou. Ele não disse qual
seria a proposta de Bush e evitou
comentar as críticas ao desempenho do conselho.
O grupo, que tem poder consultivo e está submetido à APC, foi
encarregado de traçar um cronograma para a Constituição iraquiana, sem a qual seria inviável,
segundo os EUA, a promoção de
eleições diretas e a consequente
soberania do país -o que permitiria o fim da ocupação. Mas o
processo está atrasado, e o cronograma dificilmente será entregue
até 15 de dezembro (prazo imposto por Washington), o que tem
gerado atritos com a APC e entre a
APC e o governo dos EUA.
Um relatório da CIA que vazou
ontem para a imprensa vê na aceleração da transição o único meio
de evitar o colapso da reconstrução e conter a violência no país.
A situação alimenta boatos de
que Bremer poderia ser retirado
do cargo -a mudança seria a terceira durante a ocupação, depois
que o diplomata substituiu o general da reserva Jay Garner e que
Condoleezza Rice passou a centralizar as decisões sobre o Iraque.
"Estamos considerando todo tipo de idéia para acelerar o ritmo
da reforma. Queremos acelerar
nosso trabalho no que diz respeito à criação de uma base para o
governo iraquiano", disse Powell.
Já o porta-voz da Casa Branca,
Scott McClellan, afirmou que os
EUA perceberam a necessidade
de ser flexível diante das dificuldades encontradas no Iraque.
"Do mesmo modo que é preciso
adaptar a segurança para enfrentar o inimigo, é preciso se adaptar
às circunstâncias em campo na
frente política e na reconstrução."
Com agências internacionais
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