UOL


São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ORIENTE MÉDIO

Premiê cede e aceita deixar a segurança nas mãos de aliado de Arafat; Israel evita confrontação e diz que dará chance

Parlamento palestino aprova novo gabinete de Korei

DA REDAÇÃO

O Parlamento palestino aprovou o novo gabinete do premiê Ahmed Korei por 48 votos a 13. A decisão dos legisladores encerra um período de mais de dois meses de incerteza sobre o futuro do governo palestino.
Korei e o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Iasser Arafat, fizeram declarações conciliatórias em Ramallah (Cisjordânia) em relação a Israel e se comprometeram a ajudar na retomada do processo de paz.
Israel evitou uma confrontação e deu a entender que está disposto a dar uma chance ao governo palestino. Porém disse que quer ações, não apenas palavras.
Na composição do gabinete, houve disputa entre Arafat e Korei para definir quem seria o ministro do Interior, responsável pela segurança. O premiê palestino queria alguém de sua confiança. Israel e EUA também queriam que Arafat -a quem acusam de tolerar ou mesmo incentivar o terror, ele nega- não controlasse a segurança. Mas Korei acabou cedendo e aceitou indicar Hakam Balawi, aliado de Arafat.
"Não negamos o direito dos israelenses de viver em segurança ao lado dos palestinos no seu próprio Estado", disse Arafat, que chamou o governo israelense de "criminoso de guerra", mas defendeu o fim da violência.
Korei também defendeu o fim da violência que está provocando o "caos" na Cisjordânia e na faixa de Gaza e disse que irá negociar uma trégua com Israel. O premiê pediu aos palestinos que parem de utilizar a violência. "Estendo a minha mão a Israel com sinceridade para agirmos por um cessar-fogo que acabe com esse derramamento de sangue", afirmou.
Israel disse que aguardará as ações do novo governo palestino antes de considerá-lo um parceiro ou não nas negociações de paz. "Se o novo governo for sério na busca pela paz e atuar para desmantelar as organizações terroristas, encontrará em Israel um parceiro", disse o chanceler israelense, Silvan Shalom.
Os EUA e Israel pressionam os palestinos a formarem um governo capaz de desmantelar os grupos terroristas, como prevê o novo plano de paz para a região.
Zalman Shoval, assessor do premiê israelense, Ariel Sharon, disse que Israel está preocupado com a influência que Arafat poderá ter no novo governo.
Sem se referir diretamente a Korei ou ao novo governo, Sharon disse ontem em encontro com canadenses em Israel que os palestinos "começaram a perceber que não será possível forçar os israelenses a se renderem por meio do uso da violência, do terrorismo e do incitamento".

Terroristas
Os grupos terroristas palestinos Hamas e Jihad Islâmico deram declarações indicando que poderão aceitar o cessar-fogo proposto por Korei. Em junho, os grupos terroristas decretaram trégua nas ações contra israelenses, que acabou sendo suspensa meses depois. Eles exigem que Israel pare de atacar lideranças dos grupos.
Korei estava no poder interinamente desde setembro, após a renúncia do premiê Mahmoud Abbas, mais conhecido como Abu Mazen, que caiu após perder uma luta pelo controle da segurança com Arafat. Korei não havia conseguido formar um novo governo no mês passado devido a discordâncias com Arafat.
Autoridades israelenses disseram ontem que poderá haver um encontro entre Korei e Sharon em breve. Sharon tem sido pressionado pelos EUA e também dentro de Israel a ser menos duro com Korei do que ele foi com Mazen. Há críticas, inclusive do comandante das Forças Armadas de Israel, Moshe Yaalon, sobre a maneira como o premiê tratou Mazen. Segundo ele, Sharon teria sido muito duro nas negociações e suas políticas poderiam incentivar o terror ao invés de contê-lo.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Cidades: Metro quadrado da 5ª Avenida é o mais caro
Próximo Texto: América do Sul: Chefe militar renuncia na Colômbia
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.