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Tumulto deixa José Dirceu de fora do velório
LEILA SUWWAN
ENVIADA ESPECIAL AO CAIRO
A delegação brasileira chefiada pelo ministro José Dirceu (Casa Civil) para participar do velório de Iasser Arafat acabou barrada, em meio
a um tumulto, no portão da
base aérea Al Mazar.
O grupo seguiu o cortejo
do caixão, sem saber ao certo o que ocorria, mas só entrou na base em tempo de
ver o avião onde o corpo do
palestino foi embarcado ligar as turbinas para seguir a
Ramallah, local do enterro.
Ficou de fora uma multidão com dezenas de representantes e altas autoridades
internacionais. O esquema
de segurança foi tão forte
que nem mesmo importantes líderes palestinos, como
o porta-voz Saeb Erekat e o
ativista Mustafa Barghouti,
puderam entrar.
Foi aos dois, no meio da
confusão, que Dirceu apresentou suas condolências.
Em resposta, ouviu que "o
Brasil está sempre no coração do povo palestino".
A delegação chegou a receber uma explicação diplomática de que apenas chefes
de Estado puderam participar da cerimônia, que seguiu
o rito muçulmano. Muitas
autoridades, porém, simplesmente se atrasaram, e
nem todos tinham permissão para entrar na base.
O momento mais tenso
ocorreu quando a viúva de
Arafat deixou o local. Os
portões foram abertos e 20
seguranças empurraram todos agressivamente para
trás. Suha passou de carro,
com a filha, cercada de soldados com metralhadoras.
O presidente sírio, Bashar
al Assad, entrou após ter sido identificado entre a multidão, em meio a um cordão
de seguranças. "Fomos tratados como uma turba até
que finalmente um guarda
reconheceu Al Assad e nos
deixou passar. Mas era tarde
demais, a cerimônia tinha
acabado", disse um diplomata à agência Reuters.
O presidente do Senegal,
Abdulaye Wade, só conseguiu entrar depois que seus
seguranças ameaçaram, aos
gritos e empurrões, derrubar o portão. Diversas autoridades desistiram.
Dirceu contemporizou a
situação. "É normal que isso
aconteça numa cerimônia
destas." Ficaram visivelmente frustrados os parlamentares presentes -o senador Maguito Vilela
(PMDB-GO) e os deputados
Maurício Rands (PT-PE), Jamil Murad (PC do B-SP),
Paulo Pimenta (PT-RS) e
Eduardo Greenhalgh (PT-SP). Tiveram de se contentar
em tirar fotos no local, como
fizeram outras delegações.
"Temos uma relação de
mais de 30 anos com a causa
palestina. Lula queria estar
aqui, teve uma grande amizade com Arafat, mas está
em Brasília recebendo o presidente da China, Hu Jintao", disse Dirceu antes de
deixar o local.
Segundo o ministro, Lula o
enviou para essa última homenagem lembrando que
considerava Arafat "muito
alegre, simples, determinado e otimista na causa do povo palestino".
No fim do dia, Dirceu se
encontrou com Amr Moussa, secretário-geral da Liga
Árabe, na sede da entidade.
Estendeu com ele uma bandeira brasileira e assinou o livro de condolências de Arafat em nome do governo
brasileiro.
A jornalista Leila Suwwan viajou
no avião da delegação brasileira
Com agências internacionais
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