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OPINIÃO
A Doutrina Bush
DO "NEW YORK TIMES"
Leia a seguir editorial do "New
York Times" publicado na edição
de ontem:
Após a campanha militar de três
semanas de duração, a administração Bush pode sentir a tentação de soltar as forças norte-americanas contra o próximo dragão
que estiver soltando fogo pelas
ventas, quer seja a Síria, o Irã ou a
Coréia do Norte. Embora o presidente Bush tenha todo direito de
estar satisfeito com a vitória no
Iraque, ele não deveria confundir
uma conquista militar com a confirmação do acerto de sua doutrina de ataques preventivos.
Não gostamos da doutrina
combativa quando ela foi formalmente anunciada, em setembro
passado, porque ela parecia nos
afastar da histórica tendência dos
EUA de cooperar com outros países para preservar a paz, recorrendo à força só quando sua segurança estivesse correndo perigo direto. A derrubada de Saddam não
torna essa doutrina mais válida.
Não queremos menosprezar a
conquista das forças americanas.
Mas sua vitória era o único elemento desta campanha que jamais esteve em dúvida -assim
como não há dúvida alguma de
que soldados americanos poderiam derrubar estátuas em Damasco, Teerã ou Pyongyang.
O problema é que cada um desses casos possui suas complexidades e consequências próprias.
Não existe uma abordagem única
aos problemas do mundo, algo
que possa ser aplicado em todos
os casos, e, mesmo se existisse, está longe de ser certo de que a
abordagem adotada no Iraque seria um modelo padrão. A situação
no país é caótica, e levará tempo
até que se possa avaliar se a intervenção levará democracia e prosperidade ao Iraque ou melhorará
a situação no Oriente Médio.
Os falcões na administração
americana ainda não sugeriram
publicamente nenhuma sequência ao Iraque a ser empreendida,
embora avisos tenham sido lançados a outros malfeitores que possam estar contemplando a possibilidade de fazer uso de armas de
destruição em massa, tendo sido
dito a eles que devem tirar da
guerra a ""lição apropriada".
O anseio por corrigir injustiças
possui uma tradição nobre na política externa americana, e poucos
podem contestar as partes da
doutrina Bush que se propõem a
estender os benefícios da liberdade, democracia, prosperidade e o
Estado de direito para os cantos
mais distantes do planeta. Infelizmente, essas metas cederam espaço a uma postura arrogante, à
idéia de que os Estados Unidos
podem agir sozinhos e à reivindicação agressiva do direito de recorrer à ação preventiva contra
países que constituem ameaças.
Para muitas pessoas e muitos
países, a maneira como a administração Bush perseguiu Saddam
Hussein confirmou os temores levantados pela doutrina. Uma
doutrina que afirma espalhar a felicidade mas que acaba espalhando o ressentimento não funciona,
por mais estátuas que possam
cair. É por isso que é importante
mostrar que os EUA têm a confiança e a sabedoria necessárias
para guardar sua espada na bainha até o momento em que ela seja realmente necessária.
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