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São Paulo, segunda-feira, 14 de abril de 2003

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BATALHA FINAL

Tropas americanas entram em Tikrit

Bombas atingem cidade natal de Saddam Hussein, última fora do controle dos EUA

DA REDAÇÃO

Fuzileiros navais dos Estados Unidos entraram ontem em Tikrit, cidade natal do ex-ditador Saddam Hussein, após combates com forças do Iraque nos quais pelo menos 15 iraquianos morreram, segundo a TV CNN. A chegada sinaliza a queda iminente do último bastião do regime.
A cidade, a 175 km a norte de Bagdá, é o último grande centro iraquiano que ainda não foi controlado pelos anglo-americanos. Os EUA suspeitam que 2.500 homens leais ao ex-ditador e membros de sua tribo estejam montando a resistência final à invasão.
Tikrit sofreu intensos bombardeios durante a noite (horário local) mas, até o fechamento desta edição, ainda não havia caído.
Ontem, líderes das 15 principais tribos da cidade negociavam um cessar-fogo com os norte-americanos, dizendo que as tropas iraquianas tinham ido embora.
O jornalista canadense Matthew Fisher, que viaja com a 1ª Força Expedicionária dos Fuzileiros Navais (marines), disse que um grande número de helicópteros de ataque Cobra estavam combatendo forças iraquianas dentro da cidade e que cerca de 250 veículos blindados dos marines haviam entrado na cidade.
Durante a marcha de Bagdá para Tikrit, perto da cidade de Samarra, os marines resgataram sete americanos que haviam sido presos pelo Exército iraquiano (leia texto na página A15).
Apesar da indefinição sobre o controle de Tikrit, o general Tommy Franks, comandante das forças americanas no golfo Pérsico, declarou ontem que nenhuma cidade do Iraque está sob controle do regime de Saddam.
"Realmente, não conheço nenhuma [cidade controlada por Saddam"", disse Franks em Doha (Qatar) à TV americana Fox News. "Agora, vamos entrar em cada uma delas e nos assegurar de que não haja um último feudo nesse país", declarou.
O general afirmou também que os marines não encontraram "nenhuma resistência" ao se deslocarem para Tikrit ontem.
No total, Franks disse que as tropas dos Estados Unidos ainda estavam encontrando bolsões de resistência, inclusive em Bagdá, que foi dividida pelos militares em cerca de 60 zonas.
"Provavelmente não temos certeza [da situação" em dez ou 15 zonas, e esperamos encontrar grupos de cinco a 25 sujeitos durões", afirmou o general, dizendo que as células de resistência teriam armas de destruição em massa escondidas.

Sírios
Ele afirmou que a resistência em Bagdá vinha de membros da Guarda Republicana, da milícia Fedayin, da Organização de Segurança Especial e de "uma grande quantidade" de estrangeiros -especificamente sírios.
"Eles vieram como mercenários. Foram pagos pelos iraquianos. Nós vimos o material de recrutamento. E eles estão sendo usados em tudo, desde atentados suicidas até pequenos esquadrões de ataque", disse Franks à CNN.
Questionado sobre se a Síria poderia ter impedido a ida desses mercenários ao Iraque, Franks disse à Fox News acreditar que "qualquer nação que queira controlar suas fronteiras pode fazê-lo". Mas não chegou a acusar o governo sírio.
Franks disse ainda não saber o paradeiro de Saddam Hussein e de outras lideranças iraquianas, mas afirmou que a coalizão anglo-americana tem amostras de DNA do ex-ditador, que serão comparadas com material retirado de corpos encontrados no local de Bagdá onde Saddam poderia ter morrido num bombardeio.

Tribos
Líderes tribais de Tikrit disseram à TV árabe Al Jazeera que estavam negociando um cessar-fogo com as tropas americanas. "Não queremos lutar com os americanos. Os militares iraquianos saíram da cidade há cinco dias", disse um homem não-identificado. Ele afirmou que as tribos de Tikrit estavam em armas com medo de um ataque curdo.


Com agências internacionais

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