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São Paulo, sábado, 14 de junho de 2003

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IRÃ

Tropa de choque e partidários do aiatolá Khamenei atacam universitários no quarto dia de protestos contra a linha dura

Polícia e radicais reprimem manifestantes em Teerã

DA REDAÇÃO

A polícia iraniana entrou em choque com centenas de manifestantes que iniciavam o quarto dia de protestos contra a linha dura no país, na madrugada de hoje em Teerã. Com tiros de metralhadora disparados para o ar e gás lacrimogêneo, foi o primeiro choque violento desde o início dos protestos. A maioria dos manifestantes era de estudantes universitários.
Além da polícia, os manifestantes também foram reprimidos por simpatizantes radicais do governo, que se autodenominam "vigilantes".
Aos grupos e às vezes pilotando motos, esses vigilantes espancaram pedestres usando cassetetes e apedrejaram casas e transeuntes.
A multidão se reuniu em torno da Universidade de Teerã, cujo dormitório estudantil foi invadido no início da semana pela polícia, detonando a atual onda de protestos. A área fora isolada no início da sexta-feira.
Fomentados por notícias vinculadas em emissoras de TV por satélite sediadas nos EUA e operadas por exilados iranianos, os protestos pedem o fim do regime linha-dura no país e a morte do aiatolá Khamenei -algo inédito até então.
Os partidários de Khamenei, que controlam postos-chave no governo, disputam poder com o presidente Mohammad Khatami, eleito democraticamente sob a promessa de reformar o sistema austero do país.
Na quinta-feira, o aiatolá Khamenei dissera, durante um discurso transmitido pelo rádio, que as manifestações poderiam ser contidas com violência, à semelhança do que ocorrera em 1999, quando protestos estudantis reprimidos pela polícia culminaram na maior onda de violência desde a Revolução Islâmica de 1979, com saldo de um morto.
No centro da capital, os "vigilantes" montaram barreiras e promoveram uma espécie de blitz com os veículos que passavam.
"Eles tiravam algumas pessoas dos carros e as espancavam com pedaços de pau ou com os próprios punhos", disse um fotógrafo que estava no local. "Eu contei ao menos dez pessoas feridas."
Em sermão na Universidade de Teerã, o ex-presidente Hashemi Rafsanjani -aliado de Khamenei- pediu aos alunos que não caiam na "armadilha americana".


Com agências internacionais


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