São Paulo, terça-feira, 14 de junho de 2005

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IRAQUE SOB TUTELA

Imagens sem áudio divulgadas por tribunal iraquiano mostram depoimento sobre massacre de xiitas em 82

Vídeo mostra interrogatório de Saddam

DA REDAÇÃO

O Tribunal Especial Iraquiano criado para julgar o ex-ditador Saddam Hussein (1979-2003) divulgou ontem uma fita de vídeo na qual ele aparece sendo interrogado por um juiz sobre o assassinato de dezenas de moradores de um vilarejo xiita em 1982.
Segundo o tribunal, o interrogatório ocorreu anteontem e foi conduzido pelo juiz que preside o tribunal, Raad Jouhi.
A gravação não tem áudio. O ex-ditador, que usa uma camisa branca e um terno cinza-escuro, aparece coçando a barba, apertando as mãos e exibindo um olhar pensativo ao ouvir as perguntas, observando fixamente o juiz. A voz do juiz também está inaudível, mas a leitura de seus lábios indica que ele está exortando Saddam a responder.
Os cabelos e a barba do ex-ditador estão mais longos do que nas imagens anteriores divulgadas pelos governos dos EUA e do Iraque, mas seguem impecavelmente tingidos de preto. Como nas ocasiões passadas, ele aparenta estar mais magro do que quando ocupava o governo iraquiano.
O interrogatório retratado nas imagens se refere ao assassinato de pelo menos 50 homens no vilarejo xiita de Dujail, 60 km ao norte de Bagdá, meses depois de o ex-ditador sobreviver a uma tentativa de assassinato ali, em julho de 1982. A promotoria alegará que os assassinatos chegaram a 140 e consistiram em uma represália.
Trata-se de uma das acusações mais brandas entre as 14 que terá de responder -sobre Saddam pesam, entre outras acusações, a de massacrar milhares de xiitas após um levante no sul do país em 1991 e de matar 5.000 curdos com gás tóxico em 1988 em Halabja (norte). Quatro ex-assessores de Saddam foram interrogados sobre essa última acusação, e a sessão também foi gravada.

Julgamento na Suécia
Um dos advogados da equipe de defesa de Saddam disse anteontem, em entrevista a uma TV sueca, que o julgamento deveria ocorrer na Europa.
"Eu daria preferência à Suécia, mais do que a qualquer outro país, onde poderíamos ter um julgamento justo", afirmou Giovanni di Stefano, baseado em Londres, que também citou como possibilidades a Áustria, a Suíça e Haia, na Holanda, onde fica o Tribunal Internacional de Justiça.
Stefano disse acreditar ser "perigoso" julgar seu cliente no Iraque. Nem o governo sueco nem o iraquiano comentaram a entrevista.


Com agências internacionais

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