São Paulo, quarta-feira, 14 de agosto de 2002

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ORIENTE MÉDIO

País vai indiciar líder palestino por assassinato

Suprema Corte israelense impede expulsão de parentes de acusados

DA REDAÇÃO

A Suprema Corte de Israel bloqueou ontem a deportação de três parentes de palestinos acusados de terrorismo. Os juízes pediram um prazo de 15 dias para avaliar a apelação dos réus, que haviam sido condenados por uma corte militar a serem expulsos da Cisjordânia para a faixa de Gaza.
Promotores do Exército israelense acusam dois homens e uma mulher de terem ajudado seus irmãos na preparação de atentados.
O governo vê a expulsão e a demolição de casas de familiares de terroristas na Cisjordânia como uma forma de desestimular os palestinos a participar de atos de terror. Grupos defensores dos direitos humanos afirmam que a expulsão de parentes seria uma forma de punição coletiva e violaria o direito internacional.
Israel anunciou ontem que vai indiciar por assassinato Marwan Barghouti, secretário-geral na Cisjordânia do Fatah (partido do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat).
O Ministério da Justiça afirmou que, na quarta-feira, ele será acusado numa corte de Tel Aviv de, entre outras coisas, organizar ataques que mataram dezenas de civis e participar de uma organização terrorista -as Brigadas dos Mártires de Al Aqsa.
O julgamento, que deve começar dentro de poucas semanas, pode estimular mais violência na região, já que Barghouti é um dos mais populares líderes da Intifada (levante palestino contra a ocupação, iniciado em setembro de 2000). Se condenado, ele pode receber pena de prisão perpétua.
Abbas Zaki, membro do comitê central do Fatah, acusou Israel de organizar uma encenação política com o julgamento, que poderia transformar Barghouti num "grande símbolo nacional" palestino. Segundo pesquisas de opinião, ele só perde hoje em popularidade na Cisjordânia e na faixa de Gaza para Arafat.
Militantes de dois grupos extremistas islâmicos palestinos -Hamas e Jihad Islâmico- se negaram ontem a subscrever uma declaração defendendo o fim dos ataques contra civis em território israelense.
Representantes de grupos armados reunidos em Gaza tentaram nesta semana anunciar que, a partir de agora, apenas soldados e colonos judeus seriam alvejados.
Um líder do Tanzim, milícia ligada ao Fatah, afirmou que sua organização decidiu suspender ações dentro de Israel. Disse esperar que as Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, ala mais radical do Tanzim, siga a mesma política.

Imigração em queda
O Escritório Central de Estatísticas israelense revelou ontem uma queda no número de judeus que imigram para o país. No primeiro semestre deste ano, 14,9 mil pessoas foram viver em Israel, contra 20,5 mil no mesmo período de 2001, uma queda de 27%. Em relação a 2000, a queda foi de 45%. A violência da Intifada e a crise econômica são as principais causas da redução da imigração.
Um dos poucos países que aumentaram a sua "exportação" de pessoas para Israel foi a Argentina, que tem vivido caos político e econômico. Cerca de 2.500 judeus argentinos imigraram neste ano, contra 687 nos seis primeiros meses do ano passado.


Com agências internacionais

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