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CASO DAVID KELLY
Jornalista da rede diz que foi pressionada para mudar matéria
Depoimento agrava situação da BBC
DA REDAÇÃO
A BBC viu ontem sua situação
se complicar no caso da morte do
cientista David Kelly. Susan
Watts, uma jornalista da rede pública de rádio e TV, disse no inquérito sobre as circunstâncias do
suicídio de Kelly que seus chefes a
pressionaram para adequar as informações que tinha às de Andrew Gilligan, também jornalista
da BBC que acusou o governo britânico de inflar o dossiê que justificou a Guerra do Iraque.
O diretor de noticiários da BBC,
Richard Sambrook, outro a depor
ontem, negou a pressão. Watts
também havia conversado com o
cientista, que era conselheiro de
armas do Ministério da Defesa e
cortou o pulso em julho depois de
o órgão vazar seu nome como a
fonte da reportagem de Gilligan.
Até a revelação de Watts, o desgaste com o episódio estava mais
concentrado no governo, considerado por 41% dos britânicos como culpado pela morte de Kelly.
Ao mesmo tempo, gravações
com o cientista apresentadas à
corte pela jornalista reforçaram a
avaliação de que a administração
do premiê Tony Blair teria inflado
seu dossiê sobre o Iraque.
Watts declarou que até falou
com seu advogado por causa da
pressão que alega ter sofrido. Ela
contou que Kelly não lhe disse
que Alastair Campbell, o diretor
de Comunicação de Blair, havia
alterado o dossiê -a acusação de
Gilligan foi creditada ao cientista
em seu depoimento anteontem.
"Ele [Kelly] não falou que o trecho sobre os 45 minutos [tempo
que o Iraque precisaria para fazer
um ataque com armas de destruição em massa] havia sido inserido
por Campbell", afirmou Watts.
O diretor de noticiários da BBC
também admitiu que Gilligan não
se baseou no cientista para alegar
que o governo sabia que o trecho
sobre a ação em 45 minutos estava errado. Sambrook, no entanto,
defendeu o trabalho do jornalista.
Trechos das conversas com
Kelly apresentados por Watts, porém, se mostraram contraditórios
com o seu depoimento. O cientista diz que a assessoria de imprensa de Blair, que é da alçada de
Campbell, havia distorcido o trecho do ataque em 45 minutos.
Kelly afirma que o governo "estava desesperado por informação
que fosse útil". Ao atribuir isso à
assessoria de imprensa de Blair,
ele definiu essa equipe como "sinônimo" de Campbell. Outro jornalista da BBC, Gavin Hewitt,
contou ontem que ouviu do cientista que houve "manipulação".
Com agências internacionais
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