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São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 2003

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ÁSIA

Confrontos entre facções locais, além de ações atribuídas ao Taleban e à Al Qaeda, causam o dia mais sangrento em um ano

61 morrem em 24 horas no Afeganistão

DA REUTERS

Pelo menos 61 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em 24 horas em diversos pontos do território afegão, segundo informação divulgada ontem por autoridades afegãs, que classificaram o dia como o mais sangrento em um ano no Afeganistão.
Ao menos 25 pessoas, combatentes de diferentes facções locais em sua maioria, morreram em conflitos entre forças leais a um líder provincial deposto e combatentes fiéis a seu sucessor, num distrito remoto da Província de Uruzgan, segundo autoridades.
Além disso, pelo menos 15 pessoas, incluindo uma mulher e seis crianças, morreram na explosão de uma bomba -colocada dentro de um ônibus- na Província de Helmand (sul). A bomba teria sido posta no veículo por membros do Taleban, o grupo extremista que governou o Afeganistão até o final de 2001 e foi deposto por uma coalizão internacional, liderada pelos EUA, após os atentados terroristas ocorridos em 11 de setembro de 2001.
Forças governamentais disseram ter matado 16 combatentes do Taleban e da rede terrorista Al Qaeda em enfrentamentos ocorridos no sudeste do país. Cinco membros das forças governamentais morreram nos combates, que começaram na noite de anteontem (horário local).
Na noite de ontem, o governo afegão, que é apoiado pela comunidade internacional, anunciou a substituição dos governadores das Províncias de Candahar e de Zabul para "melhorar a coordenação da situação". Ambas as Províncias também vêm sofrendo ataques supostamente cometidos por membros do Taleban.
Um ministro afegão, que não quis ser identificado, afirmou que os combates em Uruzgan opuseram simpatizantes de Amanullah, que controlava o distrito de Kajran, a forças leais a seu sucessor, Abdul Rahman Khan.
Segundo o ministro, Khan disse que os enfrentamentos começaram depois que simpatizantes de Amanullah atacaram um ônibus que transportava pessoas ligadas ao novo chefe local.
"Khan me disse que oito de seus homens morreram no incidente com o ônibus, no qual 20 pessoas ficaram feridas, e que outros sete morreram na troca de tiros que ocorreu após o ataque ao ônibus. Amanullah me disse que dez de seus homens, incluindo alguns de seus familiares, foram mortos", disse o ministro.
Na Província de Khost, situada perto da fronteira com o Paquistão, forças governamentais foram atacadas por combatentes do Taleban e da Al Qaeda -fortemente armados-, mas conseguiram matar 16 deles.
Os surtos de violência ocorreram apesar da presença de uma força de cerca de 11 mil homens, liderada pelos EUA, no Afeganistão. Ela tem como missão dar continuidade à guerra ao terrorismo, perseguindo os membros do Taleban ou da Al Qaeda ainda ativos no país. Ademais, a Otan lidera uma força internacional, de 5.380 homens, que atua exclusivamente na capital afegã, Cabul.
O governo central afegão, comandado pelo presidente Hamid Karzai, assumiu interinamente o poder no fim de 2001. Em junho de 2002, uma Loya Jirga (assembléia tradicional afegã) transformou a autoridade interina em governo transitório. Este chegará ao fim em meados de 2004.


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