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ONU quer ampliar missão internacional
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
Lakhdar Brahimi, chefe da Missão de Assistência da ONU no
Afeganistão (Unama), exortou
ontem o Conselho de Segurança
da entidade a estender as operações da Força Internacional de
Assistência de Segurança (Isaf)
para além da capital, Cabul.
Por enquanto, a Isaf, que é autorizada pela ONU, só atua em Cabul e em seus arredores, o que tornou a capital um lugar bem mais
seguro que as outras regiões afegãs, nas quais chefes de guerra
ainda controlam a administração.
O fato de a Otan ter assumido a
gestão da Isaf, na última segunda-feira, poderá ser um bom presságio. Afinal, em sua primeira missão fora da Europa, a aliança já se
mostra disposta a discutir a extensão da força para outras áreas.
Segundo analistas ouvidos pela
Folha, a ampliação do papel da
Isaf só deverá ocorrer por meio de
um aumento do número de Equipes Provinciais de Reconstrução
(EPR). Quatro já atuam no país.
"No início de 2003, os EUA criaram as EPR para pôr um mínimo
de ordem em outras regiões. Havia três equipes. Desde julho, uma
equipe britânica também opera
no país", explicou o brasileiro
Manoel de Almeida e Silva, diretor de comunicação da Unama.
"O Ocidente se oporia à criação
de uma força que atuasse em todo
o território afegão, já que isso significaria enviar dezenas de milhares de soldados ao país. Com a
Otan no comando da Isaf, talvez o
número de EPR, que têm cerca de
cem soldados, possa crescer, tornando áreas distantes da capital
mais seguras", analisou Olivier
Roy, do Centro de Estudos e de
Pesquisas Internacionais (Paris).
O governo afegão enfrenta dois
graves problemas. Sua autoridade
não é verdadeiramente respeitada
no interior do Afeganistão, pois
chefes de guerra controlam diferentes regiões. E duas Províncias
do Paquistão, o Baluquistão e a
Fronteira Noroeste, são dirigidas
por grupos radicais islâmicos,
funcionando como base para
ações do Taleban ou da Al Qaeda.
"Ismail Khan, que controla a lucrativa fronteira com o Irã, prometeu respeitar Cabul, mas não o
faz. A receita que ele obtém com o
comércio, legal ou ilegal, com o
Irã é mais elevada que o Orçamento do governo", disse Roy.
Para tentar enfraquecer o poder
dos chefes de guerra, Cabul decretou mudanças nas Províncias afegãs. Khan, por exemplo, continuará a ser governador de Herat,
porém perderá o posto de comandante militar da região. Resta saber se a medida surtirá efeito ou se
será mais uma vez desrespeitada.
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