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São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 2003

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ONU quer ampliar missão internacional

MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO

Lakhdar Brahimi, chefe da Missão de Assistência da ONU no Afeganistão (Unama), exortou ontem o Conselho de Segurança da entidade a estender as operações da Força Internacional de Assistência de Segurança (Isaf) para além da capital, Cabul.
Por enquanto, a Isaf, que é autorizada pela ONU, só atua em Cabul e em seus arredores, o que tornou a capital um lugar bem mais seguro que as outras regiões afegãs, nas quais chefes de guerra ainda controlam a administração.
O fato de a Otan ter assumido a gestão da Isaf, na última segunda-feira, poderá ser um bom presságio. Afinal, em sua primeira missão fora da Europa, a aliança já se mostra disposta a discutir a extensão da força para outras áreas.
Segundo analistas ouvidos pela Folha, a ampliação do papel da Isaf só deverá ocorrer por meio de um aumento do número de Equipes Provinciais de Reconstrução (EPR). Quatro já atuam no país.
"No início de 2003, os EUA criaram as EPR para pôr um mínimo de ordem em outras regiões. Havia três equipes. Desde julho, uma equipe britânica também opera no país", explicou o brasileiro Manoel de Almeida e Silva, diretor de comunicação da Unama.
"O Ocidente se oporia à criação de uma força que atuasse em todo o território afegão, já que isso significaria enviar dezenas de milhares de soldados ao país. Com a Otan no comando da Isaf, talvez o número de EPR, que têm cerca de cem soldados, possa crescer, tornando áreas distantes da capital mais seguras", analisou Olivier Roy, do Centro de Estudos e de Pesquisas Internacionais (Paris).
O governo afegão enfrenta dois graves problemas. Sua autoridade não é verdadeiramente respeitada no interior do Afeganistão, pois chefes de guerra controlam diferentes regiões. E duas Províncias do Paquistão, o Baluquistão e a Fronteira Noroeste, são dirigidas por grupos radicais islâmicos, funcionando como base para ações do Taleban ou da Al Qaeda.
"Ismail Khan, que controla a lucrativa fronteira com o Irã, prometeu respeitar Cabul, mas não o faz. A receita que ele obtém com o comércio, legal ou ilegal, com o Irã é mais elevada que o Orçamento do governo", disse Roy.
Para tentar enfraquecer o poder dos chefes de guerra, Cabul decretou mudanças nas Províncias afegãs. Khan, por exemplo, continuará a ser governador de Herat, porém perderá o posto de comandante militar da região. Resta saber se a medida surtirá efeito ou se será mais uma vez desrespeitada.


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