São Paulo, domingo, 14 de agosto de 2005

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Aldeia de "informantes" vive dilema

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE GUSH KATIF

O governo israelense nega ter informantes de lá, os moradores negam cooperar com a inteligência do país, mas a aldeia de Dahaniya, na região do triângulo da fronteira entre Israel, Egito e a faixa de Gaza, é conhecida como a "vila dos colaboradores".
Moram na aldeia 67 famílias de beduínos (povos árabes do deserto). Ao todo, são cerca de 350 pessoas, que possuem documentos palestinos.
A maioria trabalha em Israel e, devido aos contatos com os judeus desde a década de 1970, o local ganhou fama, entre os árabes, de abrigo de traidores.
O plano da retirada de assentamentos judaicos da faixa de Gaza inclui a destruição da aldeia, e os moradores precisam decidir em que lado ficarão. A maioria tem medo de sofrer represálias do lado palestino e prefere exigir cidadania israelense.
O governo de Israel também ofereceu indenização financeira para as famílias da aldeia. Quatorze delas mudaram-se para a cidade palestina de Rafah, mas o restante quer ficar no lado israelense e aguarda definições do governo para se mudar.
"Se eu receber cidadania de Israel, vou poder morar onde quiser no país. Se ganhar muito dinheiro na indenização, vou morar em Tel Aviv. Se for pouco, fico no sul mesmo", disse o motorista Aziz Amirati, 28.
A fama da aldeia começou nos anos 1970, quando os beduínos ainda moravam no deserto do Sinai, no Egito. Muitos deles começaram a trabalhar com os israelenses que chegaram à região para construir assentamentos e venderam parte de suas terras para os judeus.
Quando Israel completou sua retirada do Sinai, em 1982, o clã beduíno foi transferido para a atual localização.
Depois, já no ano de 1987, Israel decidiu mandar para a aldeia famílias de palestinos que colaboravam com os serviços de inteligência israelenses, com o objetivo de protegê-los de ameaças. A maioria dos colaboradores saiu, mas alguns continuaram morando em Dahaniya, o que reforçou a fama da vila de "informantes".
"Os palestinos acham que somos colaboradores. Mas nunca ninguém de Israel veio me pedir para espionar, ou algo desse tipo", disse outro morador, que se recusou a dar o nome.

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