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Aldeia de "informantes" vive dilema
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE GUSH KATIF
O governo israelense nega ter
informantes de lá, os moradores
negam cooperar com a inteligência do país, mas a aldeia de Dahaniya, na região do triângulo da
fronteira entre Israel, Egito e a faixa de Gaza, é conhecida como a
"vila dos colaboradores".
Moram na aldeia 67 famílias de
beduínos (povos árabes do deserto). Ao todo, são cerca de 350 pessoas, que possuem documentos
palestinos.
A maioria trabalha em Israel e,
devido aos contatos com os judeus desde a década de 1970, o local ganhou fama, entre os árabes,
de abrigo de traidores.
O plano da retirada de assentamentos judaicos da faixa de Gaza
inclui a destruição da aldeia, e os
moradores precisam decidir em
que lado ficarão. A maioria tem
medo de sofrer represálias do lado palestino e prefere exigir cidadania israelense.
O governo de Israel também
ofereceu indenização financeira
para as famílias da aldeia. Quatorze delas mudaram-se para a cidade palestina de Rafah, mas o restante quer ficar no lado israelense
e aguarda definições do governo
para se mudar.
"Se eu receber cidadania de Israel, vou poder morar onde quiser no país. Se ganhar muito dinheiro na indenização, vou morar
em Tel Aviv. Se for pouco, fico no
sul mesmo", disse o motorista
Aziz Amirati, 28.
A fama da aldeia começou nos
anos 1970, quando os beduínos
ainda moravam no deserto do Sinai, no Egito. Muitos deles começaram a trabalhar com os israelenses que chegaram à região para
construir assentamentos e venderam parte de suas terras para os
judeus.
Quando Israel completou sua
retirada do Sinai, em 1982, o clã
beduíno foi transferido para a
atual localização.
Depois, já no ano de 1987, Israel
decidiu mandar para a aldeia famílias de palestinos que colaboravam com os serviços de inteligência israelenses, com o objetivo de
protegê-los de ameaças. A maioria dos colaboradores saiu, mas
alguns continuaram morando em
Dahaniya, o que reforçou a fama
da vila de "informantes".
"Os palestinos acham que somos colaboradores. Mas nunca
ninguém de Israel veio me pedir
para espionar, ou algo desse tipo",
disse outro morador, que se recusou a dar o nome.
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