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AMÉRICA LATINA
Para a Casa Branca, não há outra saída pacífica possível; presidente ignora apelo e diz que crise está "na oposição"
EUA pedem que Chávez antecipe eleição
DA REDAÇÃO
Os EUA pediram ontem ao governo da Venezuela que convoque eleições antecipadas, dizendo
que essa seria a única saída pacífica possível para a crise enfrentada
pelo presidente Hugo Chávez.
A oposição promove desde o
dia 2 uma greve geral que paralisou totalmente as exportações de
petróleo, produto que responde
por 80% das vendas externas do
país. Inicialmente, o objetivo da
paralisação era pressionar Chávez
a aceitar um referendo sobre seu
mandato, mas, com o acirramento das posições, seus líderes já exigem a renúncia imediata do presidente, cujo mandato vai até 2007.
"Os EUA estão convencidos de
que o único caminho pacífico e
politicamente viável para sair da
crise é por meio de eleições antecipadas", disse a Casa Branca ontem em um comunicado.
Pouco depois, a agência de classificação de risco norte-americana Standard & Poors rebaixou a
nota da dívida pública venezuelana, dizendo que a crise ameaça
provocar desordem econômica.
Os papéis da dívida venezuelana
passaram a ser classificados como
de "alto teor especulativo".
Um alto funcionário do governo americano disse que a Casa
Branca não estava atuando em favor de nenhum dos dois lados e
que os EUA não aprovam a atuação da oposição venezuelana, que
pede a renúncia de Chávez.
A pressão americana por eleições busca evitar a repetição dos
acontecimentos de abril, quando
os EUA apoiaram um golpe cívico-militar que tirou Chávez da
Presidência por dois dias.
A divulgação do comunicado da
Casa Branca coincidiu com o primeiro dia de visita a Caracas do
vice-secretário-assistente do Departamento de Estado para o hemisfério Ocidental, Thomas
Shannon, que tenta ajudar no diálogo entre o governo e a oposição.
A OEA (Organização dos Estados Americanos), cujo secretário-geral, César Gaviria, está há mais
de um mês em Caracas para tentar mediar uma mesa de diálogo,
com resultados pífios, reuniu ontem seu conselho permanente em
Washington para discutir a situação venezuelana.
Gaviria traçou ontem um panorama pessimista das negociações.
"Os dois lados estão longe de encontrar uma solução", disse. "Se
não encontrarmos uma solução
na mesa, há o risco de o país ficar
mais polarizado, o que traz um
enorme risco de violência."
"Guerra"
A pressão americana foi ignorada pelo governo. Chávez disse que
a crise está "do lado da oposição"
e que a solução está "em progresso". Para ele, a oposição "tenta
conduzir o país a uma guerra".
Chávez disse estar disposto a
importar pessoal para substituir
os funcionários grevistas da estatal petrolífera, a PDVSA.
"A situação vem evoluindo de
maneira progressiva para a normalidade, até a recuperação do
nível ótimo em todos os âmbitos", disse. "Os que fizeram tudo o
que puderam para roubar o Natal,
a paz e a alegria do país fracassaram estrondosamente."
"Estamos dispostos a discutir
politicamente, mas sob o marco
da Constituição da República",
disse. Chávez alega que a Constituição só permite a realização de
um referendo sobre seu mandato
a partir de agosto, quando seu governo chega à metade.
Nos últimos dias, deputados governistas e de oposição vêm discutindo a possibilidade de aprovar uma emenda constitucional
que permita a realização de um
referendo ou de eleições antecipadas, mas o governo ainda não se
pronunciou sobre o assunto.
Manifestações
Simpatizantes e opositores de
Chávez fizeram chamados ontem
por novas manifestações de rua,
após a polícia dispersar, na noite
de anteontem, um confronto entre grupos adversários com gás lacrimogêneo em Caracas.
Os chavistas fizeram uma passeata até o palácio presidencial
para comemorar os oito meses da
volta de Chávez ao poder após o
golpe de abril. Líderes da oposição disseram que a manifestação
era uma tentativa do governo de
formar um escudo humano para
proteger o presidente no palácio.
A oposição promete manter a
paralisação até a convocação de
eleições. "A greve está só começando", afirmou Carlos Fernández, presidente da Fedecámaras
(principal associação empresarial
do país), um dos organizadores.
Com agências internacionais
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