São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 2005

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Bilionário, Hariri tinha negócios até no Brasil

GUSTAVO CHACRA
CONSTANÇA TATSCH
DA REDAÇÃO

Rafik Hariri, 60, era um bilionário com negócios em todo o mundo - inclusive no Brasil- que ganhou notoriedade internacional ao levar adiante o projeto de reconstrução de Beirute.
Nascido em Sidon, no sul do Líbano, Hariri era muçulmano sunita não-religioso. Fez fortuna na construção civil na Arábia Saudita, onde possui fortes laços com a monarquia. Após a Guerra Civil libanesa (1975-90), retornou ao seu país, onde entrou para a política. Em 1992, virou premiê.
Até um ano atrás, ele era aliado da Síria. Em entrevista à Folha em 2003, o ex-premiê disse que "as tropas sírias vieram ao Líbano a convite dos libaneses". Na sua visita ao Brasil, Hariri fez questão de vir no seu próprio avião.
A mudança ocorreu devido à sua rivalidade com o presidente Emile Lahoud, que começou a receber mais atenção de Damasco.
A assessoria do site novolibano.com.br (curiosamente, a foto da capa do site retrata a marina do hotel Saint George, onde foi o atentado de ontem), mantido pela Fundação Hariri, diz que ele possuía investimentos no mercado imobiliário e esperava por autorização do Banco Central para abrir um banco de investimentos.
Apesar de ter vindo apenas três vezes ao país, em 1995, 1997 e 2003, ele "adorava o Brasil", segundo o ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf (1993-96), descendente de libaneses que se encontrou com Hariri durante as visitas e também em outras ocasiões em Paris e Beirute.
"Acho que o atentado contra ele, mais do que um atentado político contra um homem honrado, um homem de bem e trabalhador, foi um atentado contra a nação libanesa", disse Maluf, que, como típica prova de admiração, batizou uma praça perto do aeroporto de Congonhas com o nome de um filho morto de Hariri.
Hariri contava com o respeito de grande parte da comunidade libanesa no Brasil. Lody Brais, uma das figuras mais conhecidas entre os libaneses que vivem no país, disse que "Hariri trabalhava pela retirada das tropas sírias".


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