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ORIENTE MÉDIO
Em entrevista ao "New York Times", líder palestino diz que libertação de presos é prioridade; saída de Jericó é adiada
Abbas aponta fim do conflito com Israel
DA REDAÇÃO
O presidente da Autoridade
Nacional Palestina, Mahmoud
Abbas, disse que a guerra com Israel efetivamente acabou, mas
afirmou que depende de Israel a
consolidação desse quadro. Abbas declarou que o premiê israelense, Ariel Sharon, está falando
com os palestinos "numa linguagem diferente".
As afirmações foram feitas em
entrevista publicada ontem pelo
jornal americano "The New York
Times", a primeira concedida pelo líder palestino a um veículo ocidental desde que foi eleito, em janeiro deste ano.
Abbas qualificou como "bom
sinal" o compromisso de Sharon
de fazer a retirada de Gaza e de
desmontar todos os assentamentos naquele território, além de outros quatro na Cisjordânia, considerando-se "quanta pressão está
sobre ele por parte dos direitistas
do Likud [partido de Sharon]".
"E agora ele tem um parceiro",
disse Abbas, referindo-se a si
mesmo. Na semana passada, na
primeira reunião de alto nível entre israelenses e palestinos em
quatro anos, em Sharm el-Sheik
(Egito), Sharon e Abbas anunciaram um cessar-fogo.
Abbas disse que Israel tem de
cumprir o acordo feito em Sharm
el-Sheik. Da parte dos palestinos,
afirmou: "Nossos camaradas no
Hamas e no Jihad [Islâmico] disseram que estão comprometidos
com a trégua, com o esfriamento
de toda a situação, e acredito que
vamos começar uma nova era".
Questionado sobre sua prioridade, Abbas não hesitou: "Os prisioneiros são nossa prioridade, e
já dissemos isso a todos". "A situação será estabilizada e vai esfriar em Gaza e na Cisjordânia" à
medida que Sharon "nos ajude a
libertar os prisioneiros."
Segundo a Autoridade Palestina, Israel mantém cerca de 8.000
palestinos presos. No último domingo, o país concordou em libertar 500 prisioneiros, o que deve ocorrer nos próximos dias.
Apesar de se dizer contente por
coordenar a retirada de Israel de
Gaza, Abbas afirma que os palestinos precisam de um horizonte
político para a criação de um Estado. "Ele [Sharon] foi positivo
em todas essas coisas, mas o que
realmente queremos saber é como vai ser a implementação."
O líder palestino disse ainda
que, se depender dele, rejeitará a
opção mencionada no "Mapa do
Caminho" (plano de paz patrocinado pelos EUA) de declarar um
"Estado palestino dentro de fronteiras provisórias" até o final das
negociações.
Segundo Abbas, os palestinos
verão uma solução provisória como uma armadilha, um substituto ao acordo final, e "a paz não irá
prevalecer mais na região".
"Disse a Sharon que é melhor
para ambos os lados estabelecer
esse canal para lidar com o status
final, e paralelamente seguir as fases do mapa do caminho." Segundo ele, Sharon "não respondeu" à
proposta.
Apesar de otimista, Abbas disse
que os palestinos "estão observando, estão vendo progressos e
estão contentes, mas querem
mais". "Eles querem a criação de
empregos, eles querem comer e
eles querem segurança", afirmou.
Em Gaza, milhares de pessoas
receberam ontem os corpos de 15
palestinos mortos pelo Exército
israelense nos últimos dois anos,
devolvidos por Israel num gesto
político de apoio à trégua.
Porém, num retrocesso, a entrega do controle de Jericó (Cisjordânia) aos palestinos, prevista para
hoje, foi adiada devido a divergências sobre questões de segurança e o tamanho do território.
Em Hebron (Cisjordânia), tropas israelenses mataram um palestino que, segundo eles, havia
tentado esfaquear um soldado.
Militantes lançaram morteiros
contra um posto militar no sul de
Gaza, sem fazer vítimas.
A polícia israelense prendeu 50
manifestantes de extrema-direita
envolvidos em protestos contra o
plano de retirada de Gaza.
Com agências internacionais
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