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São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 2003

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DAMASCO NA MIRA

Washington diz que Assad deve agir "como adulto" e acusa país de testar arma química

EUA ameaçam Síria com sanções

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

A administração Bush subiu o tom das acusações contra a Síria ontem, ameaçando Damasco com sanções diplomáticas, econômicas e "de outras naturezas".
O secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, disse que os EUA têm provas de que os sírios realizaram testes com armas químicas "nos últimos 12 ou 15 meses". "Eles também estão enviando mercenários para o Iraque e oferecendo recompensas para que matem soldados americanos", disse.
O porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, acusou a Síria de possuir gás sarin e estar testando "outros elementos mais tóxicos e persistentes". Fleischer disse também ser "altamente provável" que o país desenvolva armas biológicas, e afirmou que o Iraque deveria ""servir de exemplo"" ao novo líder sírio, Bashar al Assad.
"Ele é jovem e deve entender que seu país está na lista de países que abrigam terroristas. Precisa agir como adulto", afirmou Fleischer. Indagado se os EUA planejam uma ação militar contra a Síria, disse: "Nós sempre temos várias opções". Fleischer também recomendou à Síria que "se livre" de membros do grupo extremista libanês Hizbollah, que, segundo ele, têm abrigo no país.
A nova ofensiva retórica contra a Síria envolveu também o Departamento de Estado e foi interpretada em Washington como mais uma vitória do Pentágono.
Segundo a Folha apurou, tanto o secretário Colin Powell quanto a CIA (o serviço secreto americano) vinham procurando conter há semanas um tom mais pesado contra Damasco em função das informações que os sírios vêm dando aos EUA sobre a Al Qaeda.
Anteontem, o embaixador-adjunto da Síria, Imad Moustapha, disse que "oficiais americanos graduados estão descontentes com as acusações".
"Temos uma nova situação na região, e esperamos que todos os países reavaliem seu comportamento", disse Powell ontem. Ele afirmou que os EUA alertaram "diretamente" o governo sírio para deixar de abrigar terroristas. No domingo, Bush afirmou que planejava telefonar ao líder sírio.
A Síria já consta da lista norte-americana de países que apóiam o terrorismo. Ela abriga vários grupos extremistas palestinos.
Durante a guerra, combatentes islâmicos entraram no Iraque pela fronteira síria para lutar contra os EUA, que também acusam o país de dar abrigo a membros do regime de Saddam Hussein.
Ontem, autoridades americanas que pediram anonimato disseram ter informações de que a primeira mulher de Saddam, Sajida, teria fugido para o país.


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