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GUERRA SEM LIMITES
Chefe da agência pede cinco anos para organizar inteligência
CIA admite despreparo contra terror
RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK
Os diretores da CIA (agência de
inteligência americana), George
Tenet, e do FBI (polícia federal
dos EUA), Robert Mueller, disseram ontem à comissão independente que investiga os ataques do
11 de Setembro que levará anos
para que os EUA organizem um
sistema efetivo de inteligência para combater e prevenir o terror.
Segundo Tenet, "mais cinco
anos de trabalho" serão necessários para os EUA terem o tipo de
serviço secreto preparado para
combater a Al Qaeda e outras
ameaças terroristas.
Ele admitiu ainda falhas na ação
da agência no período pré-11 de
Setembro, afirmando que a CIA
"jamais penetrou na trama" do
ataque. "Todos conhecíamos a intenção de Bin Laden de atacar
dentro dos EUA, mas fomos incapazes de traduzir esse conhecimento numa proteção efetiva para o país."
O diretor da CIA atribuiu a orçamentos limitados desde o fim
da Guerra Fria o fato de, em meados dos anos 90, os serviços de inteligência terem perdido "25% de
pessoal e bilhões de dólares em investimentos", o que teria prejudicado seu trabalho.
A comissão independente investiga possíveis falhas no governo americano que teriam permitido os atentados de 2001 contra o
World Trade Center e o Pentágono. As agências de inteligência
têm sido acusadas de terem falhado na prevenção dos ataques.
Em seu depoimento na semana
passada à comissão, a assessora
de Segurança Nacional da Casa
Branca, Condoleezza Rice, atribuiu a "falhas estruturais" de comunicação e troca de informações entre as duas agências parte
da responsabilidade pelos ataques. Antes dos depoimentos de
ontem, a comissão divulgou um
texto em que criticava duramente
o FBI -questionando seus esforços de reorganização- e a CIA
-por não conseguir avaliar o tamanho da ameaça colocada pela
Al Qaeda antes dos atentados.
Mueller afirmou que o FBI tem
focado o combate ao terrorismo
desde setembro de 2001. E exortou os membros da comissão a
permitir que esses esforços continuem e não sejam perdidos pela
criação de uma nova agência de
inteligência interna que substitua
ou ocupe parte das atuais funções
do órgão -sugestão que tem sido
feita tanto por democratas (oposição) quanto republicanos.
O diretor do FBI disse que o órgão está buscando melhorar seus
atributos investigativos e de serviço de inteligência.
"Não queremos que historiadores olhem para trás e digam: "Ok,
vocês ganharam a guerra contra o
terrorismo, mas perderam suas liberdades civis'", declarou.
O democrata Timothy Roemer,
membro da comissão, questionou: "Com tantos riscos para o
país, por que deveríamos dar uma
segunda chance ao FBI?".
Segundo o relatório da comissão, a CIA teria falhado em reunir
todos os dados que detinha sobre
a Al Qaeda e compreendê-los corretamente, descrevendo Bin Laden, ainda em 1997, apenas como
"financiador do terrorismo".
Confrontado com um fato que
exemplificaria falhas da agência
-a prisão de um suposto extremista islâmico que tomava lições
de vôo em agosto de 2001-, Tenet reconheceu que não havia informado a Bush sobre o fato porque o presidente estava de férias
no seu rancho no Texas.
Ele afirmou que também não
comunicou a prisão a outros
membros da administração por
não considerar que isso seria
"apropriado".
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