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Al Sadr é pressionado por líderes xiitas a recuar para evitar invasão de Najaf, cercada por soldados dos EUA
Sitiado, radical xiita cede e aceita negociar
DA REDAÇÃO
Sitiado por 2.500 soldados americanos em Najaf, sul do Iraque, o
clérigo radical Moqtada al Sadr
recuou e aceitou negociar com os
EUA sem impor condições após
ser pressionado por outros líderes
xiitas. A coalizão liderada por
Washington prometera prender
ou matar o clérigo, líder da milícia
que iniciou um levante contra as
tropas de ocupação neste mês.
Segundo assessores, Al Sadr
deixou seu gabinete, onde passou
os últimos dias, e se refugiou na
casa de seu pai. O gabinete fica
perto do templo do imã Ali, um
dos principais para os xiitas.
O clérigo, que iniciou o levante
após a administração americana
fechar seu jornal, no fim de março, exige o fim das atividades militares no país, a retirada americana
do Iraque e a libertação de "todos
os inocentes detidos".
Os EUA o acusam de assassinato e formaram, junto com tropas
polonesas e espanholas, uma zona de exclusão em torno de Najaf.
Uma eventual invasão da cidade,
principal santuário xiita, poderia
provocar uma revolta popular de
grandes proporções no país, onde
60% da população pertence a essa
corrente muçulmana.
Para negociar, Al Sadr vinha
exigindo que os EUA deixassem
as áreas residenciais na cidade.
Mas, segundo seu porta-voz, Qays
al Khazali, Al Sadr aceitou retirar
as precondições após receber
emissários do aiatolá Ali al Sistani, principal líder xiita iraquiano,
e de dois outros aiatolás. Uma delegação iraniana participa das negociações.
O principal comandante militar
americano afirmou que a captura
de Al Sadr pelos EUA poderia piorar a onda de violência no país,
"mas temporariamente". O chefe
do Estado-Maior dos EUA, general Richard Myers, chegou ontem
ao Iraque para sua primeira visita
ao país desde dezembro, a fim de
avaliar a situação de segurança.
Diante da violência, os EUA estão revisando seus planos para
dispensar parte das tropas no Iraque. Cerca de 20 mil homens da 1ª
Divisão Blindada e do 2º Regimento de Cavalaria que deixariam o país em maio devem ter as
licenças adiadas, segundo funcionários do Pentágono que pediram
para não ser identificados.
ONU
A piora da segurança também
prejudica o processo político que
começa em 30 de junho, com a
devolução da soberania aos iraquianos, e culmina em janeiro de
2005, com eleições gerais.
O chefe da missão da ONU no
Iraque, Lakhdar Brahimi, defendeu a convocação de uma conferência nacional de líderes políticos e religiosos nos moldes da Loya Jirga, a assembléia afegã.
A conferência debateria o governo provisório, que deve ser encabeçado por um premiê e contar
com um presidente e dois vices, e
estabeleceria as condições para a
eleição. Mas esse organismo não
teria o papel de uma legislatura
-ou seja, não faria leis-, mas
sim o de uma assembléia consultiva. "O mais importante é fomentar o diálogo nacional e o
consenso para promover a reconciliação nacional", disse Brahimi.
Com agências internacionais
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