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País estuda relaxar críticas à China sobre direitos humanos
ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva discutirá hoje com o chanceler Celso Amorim a possibilidade
de o Brasil adotar uma posição
mais condescendente sobre a China na reunião anual da Comissão
de Direitos Humanos da ONU,
marcada para hoje, em Genebra.
A intenção é demonstrar boa
vontade em relação à China, país
que Lula visitará entre os dias 20 e
25 deste mês e que tem destaque
na política externa de valorização
das relações Sul-Sul, apesar de sua
prática de repressão sistemática
contra dissidentes.
O Brasil já integra o chamado G-3, ao lado da Índia e da África do
Sul. Agora, pretende ampliar o
grupo também para a China e a
Rússia. São todos países de grande território, de grande população e com uma posição econômica forte, intermediária entre pobres e ricos.
Oficialmente, o Brasil vai alegar
que não se pode condenar a China
porque o país incluiu em sua
Constituição, em março, a necessidade de respeitar os direitos humanos. Por essa razão, o governo
acredita que a China, ao contrário, deva ser elogiada.
Além disso, o Brasil deverá defender que a ONU deixe de apreciar moções contra determinados
países e passe a elaborar uma espécie de "relatório geral" sobre direitos humanos, uma vez que, segundo o governo, todos os países
têm histórico de violações dos direitos humanos, mas apenas alguns são condenados por isso.
Rusga com os EUA
Um eventual abrandamento
brasileiro em relação às violações
dos direitos humanos na China
deve gerar críticas de setores e
ONGs ligados à questão e se
transformar num novo ponto de
tensão entre o Brasil e os EUA.
Sistematicamente, os EUA capitaneiam movimento para aprovar
uma moção contra as violações
dos direitos humanos na China,
cujo histórico inclui, além da repressão política, a aplicação da
pena de morte mesmo para condenados por simples roubo. A
Justiça é considerada "heterodoxa", com facilidade de acusação e
parcos recursos de defesa.
Neste ano, Washington apresentou a resolução contra a China
em março, gerando imediata reação de Pequim, que rompeu o
diálogo sobre direitos humanos e
acusou os EUA de serem, eles
mesmos, violadores dos direitos
humanos.
A China argumenta que defender os direitos humanos é proporcionar trabalho, comida e habitação ao seu 1,3 bilhão de habitantes. Nesse contexto, diz Pequim, os direitos individuais devem ficar para depois.
Ontem, Romano Prodi, presidente da Comissão Européia, pediu que a China fizesse mais progressos substanciais sobre a questão, argumentando que se trata de
um desejo da "opinião pública"
européia.
A posição brasileira tem sido
cautelosa e pode ser definida como nem tanto ao mar nem tanto à
terra. Na reunião de Genebra, essa
posição deve ser mais claramente
pró-China.
Com agências internacionais
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