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RÚSSIA
Segundo ataque terrorista da semana na república separatista ocorre no mesmo dia de visita de Powell a Moscou
Novo atentado mata 14 na Tchetchênia
DA REDAÇÃO
Uma terrorista suicida detonou
ontem os explosivos que carregava durante um festival muçulmano em Iliskhan-Yurt, no leste da
Tchetchênia, matando ao menos
14 pessoas e ferindo mais de cem.
O ataque ocorreu no mesmo dia
da visita do secretário de Estado
dos EUA, Colin Powell, ao país.
Foi o segundo atentado do gênero realizado na região nesta semana. O primeiro, ocorrido na cidade de Znamenskoye, no norte
da Tchetchênia, matou 59 pessoas, segundo um novo balanço
divulgado por autoridades locais.
Ontem, de acordo com a polícia
de Iliskhan-Yurt, outro terrorista
suicida foi morto antes de detonar
os explosivos que carregava sob
suas roupas. Os terroristas queriam, segundo relatos da mídia
russa, atingir o chefe da administração tchetchena pró-Moscou,
Akhmad Kadyrov, que estava no
local. Mas ele não foi ferido.
O general Ruslan Avtayev, que
chefia o Ministério de Situações
de Emergência russo na Tchetchênia, disse que dois guarda-costas de Kadyrov ficaram feridos. Mas a agência Itar-Tass afirmou que cinco guarda-costas do
líder tchetcheno ficaram feridos.
Kadyrov é bastante impopular
entre os rebeldes separatistas
tchetchenos porque coopera com
as forças militares e políticas russas. Mas não houve confirmação
de que a intenção dos terroristas
era matá-lo. Kadyrov criticou as
falhas na segurança do evento e
exortou as forças russas a passar
parte de seus poderes a agências
governamentais tchetchenas.
"Kadyrov discursava num palanque construído no local, exortando as pessoas a rezar pela paz.
De repente, uma mulher se aproximou dele. Os guarda-costas dele
correram em direção a ela para
tentar impedi-la de fazer o que estava por vir. Ela detonou, então,
os explosivos", disse Edi Isayev,
porta-voz de Kadyrov.
"Foi uma tentativa de matar
Kadyrov e os líderes religiosos
que apóiam o plano de paz do governo russo", acrescentou Isayev,
sem fornecer provas do que dizia.
Avtayev desmentiu relatos de
que 30 pessoas tinham morrido,
confirmando a existência de apenas 14 vítimas fatais. Segundo
funcionários do Ministério de Situações de Emergência russo,
houve ainda 145 feridos, entre os
quais 45 em estado grave.
O ataque foi mais um revés para
os planos do presidente Vladimir
Putin de pôr fim aos quase dez
anos do conflito separatista na região por meio de um acordo de
paz. Além disso, ocorreu pouco
antes de o presidente encontrar
Powell em Moscou. Este chegara
da Arábia Saudita um dia antes,
onde também houve ações terroristas antes de sua chegada.
"Mais uma vez, temos de enfrentar manifestações terroristas.
Houve ataques terroristas na Arábia Saudita e dois atentados terroristas na Tchetchênia. O último
aconteceu hoje [ontem]", declarou Putin após receber Powell.
O atentado de ontem foi realizado durante uma festa em comemoração do aniversário do profeta Muhammad -fato inusitado,
já que os separatistas tchetchenos
são muçulmanos. Havia cerca de
10 mil pessoas no local.
Putin busca ligar os atentados
realizados na república separatista da Tchetchênia à guerra contra
o terrorismo global liderada pelos
EUA. Ele já chegou até a dizer que
os guerrilheiros tchetchenos têm
ligação com a rede terrorista Al
Qaeda, de Osama bin Laden. Mas
especialistas não vêem grandes
possibilidades de essa afirmação
encontrar respaldo na realidade.
Na última segunda-feira, Putin
disse que o terrorismo não desviará a atenção do Kremlin do
plano de paz para a região. Ontem
o chanceler russo, Igor Ivanov,
reiterou essa afirmação. "Esses
ataques terroristas não desviarão
os esforços dos líderes russos para
conseguir um acordo político na
Tchetchênia", disse o chanceler.
Com agências internacionais
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