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São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 2003

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RÚSSIA

Segundo ataque terrorista da semana na república separatista ocorre no mesmo dia de visita de Powell a Moscou

Novo atentado mata 14 na Tchetchênia

DA REDAÇÃO

Uma terrorista suicida detonou ontem os explosivos que carregava durante um festival muçulmano em Iliskhan-Yurt, no leste da Tchetchênia, matando ao menos 14 pessoas e ferindo mais de cem. O ataque ocorreu no mesmo dia da visita do secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, ao país.
Foi o segundo atentado do gênero realizado na região nesta semana. O primeiro, ocorrido na cidade de Znamenskoye, no norte da Tchetchênia, matou 59 pessoas, segundo um novo balanço divulgado por autoridades locais.
Ontem, de acordo com a polícia de Iliskhan-Yurt, outro terrorista suicida foi morto antes de detonar os explosivos que carregava sob suas roupas. Os terroristas queriam, segundo relatos da mídia russa, atingir o chefe da administração tchetchena pró-Moscou, Akhmad Kadyrov, que estava no local. Mas ele não foi ferido.
O general Ruslan Avtayev, que chefia o Ministério de Situações de Emergência russo na Tchetchênia, disse que dois guarda-costas de Kadyrov ficaram feridos. Mas a agência Itar-Tass afirmou que cinco guarda-costas do líder tchetcheno ficaram feridos.
Kadyrov é bastante impopular entre os rebeldes separatistas tchetchenos porque coopera com as forças militares e políticas russas. Mas não houve confirmação de que a intenção dos terroristas era matá-lo. Kadyrov criticou as falhas na segurança do evento e exortou as forças russas a passar parte de seus poderes a agências governamentais tchetchenas.
"Kadyrov discursava num palanque construído no local, exortando as pessoas a rezar pela paz. De repente, uma mulher se aproximou dele. Os guarda-costas dele correram em direção a ela para tentar impedi-la de fazer o que estava por vir. Ela detonou, então, os explosivos", disse Edi Isayev, porta-voz de Kadyrov.
"Foi uma tentativa de matar Kadyrov e os líderes religiosos que apóiam o plano de paz do governo russo", acrescentou Isayev, sem fornecer provas do que dizia.
Avtayev desmentiu relatos de que 30 pessoas tinham morrido, confirmando a existência de apenas 14 vítimas fatais. Segundo funcionários do Ministério de Situações de Emergência russo, houve ainda 145 feridos, entre os quais 45 em estado grave.
O ataque foi mais um revés para os planos do presidente Vladimir Putin de pôr fim aos quase dez anos do conflito separatista na região por meio de um acordo de paz. Além disso, ocorreu pouco antes de o presidente encontrar Powell em Moscou. Este chegara da Arábia Saudita um dia antes, onde também houve ações terroristas antes de sua chegada.
"Mais uma vez, temos de enfrentar manifestações terroristas. Houve ataques terroristas na Arábia Saudita e dois atentados terroristas na Tchetchênia. O último aconteceu hoje [ontem]", declarou Putin após receber Powell.
O atentado de ontem foi realizado durante uma festa em comemoração do aniversário do profeta Muhammad -fato inusitado, já que os separatistas tchetchenos são muçulmanos. Havia cerca de 10 mil pessoas no local.
Putin busca ligar os atentados realizados na república separatista da Tchetchênia à guerra contra o terrorismo global liderada pelos EUA. Ele já chegou até a dizer que os guerrilheiros tchetchenos têm ligação com a rede terrorista Al Qaeda, de Osama bin Laden. Mas especialistas não vêem grandes possibilidades de essa afirmação encontrar respaldo na realidade.
Na última segunda-feira, Putin disse que o terrorismo não desviará a atenção do Kremlin do plano de paz para a região. Ontem o chanceler russo, Igor Ivanov, reiterou essa afirmação. "Esses ataques terroristas não desviarão os esforços dos líderes russos para conseguir um acordo político na Tchetchênia", disse o chanceler.


Com agências internacionais


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