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TERROR EM RIAD
Chanceler saudita admite "insuficiência" na segurança
Governo saudita ignorou alerta de ataques, dizem EUA
DA REDAÇÃO
O chanceler saudita, Saud al
Faisal, admitiu ontem que o país
falhou na prevenção dos atentados de segunda-feira contra três
complexos habitados por ocidentais em Riad, horas após o governo dos EUA ter acusado o país de
ignorar alertas sobre ataques.
Segundo autoridades americanas que pediram anonimato, o
presidente George W. Bush teria
enviado a Riad, na semana passada, o assessor-adjunto de segurança Stephen Hadley para transmitir pessoalmente o alerta. A Casa Branca não confirmou o fato.
Al Faisal disse ontem que o
atentado teve 15 executores -seis
a mais do que fora divulgado antes. O saldo de mortos já soma 34
pessoas, sendo oito americanos.
Os feridos chegam a 200. Entre os
mortos estariam ao menos nove
terroristas suicidas.
"O fato do terrorismo ter acontecido é um indício de insuficiências, e temos que aprender com
nossos erros a melhorar nossa
performance", declarou Faisal.
O mea culpa saudita é um contraponto ao histórico recente do
país, que levou cinco meses para
admitir que 15 dos 19 responsáveis pelos atentados de 11 de setembro eram sauditas.
Seis milhões de estrangeiros vivem na Arábia Saudita, sendo 35
mil americanos, numa população
total de 23,5 milhões. Desde o
boom do petróleo, nos anos 1970,
os EUA exortam o governo a reforçar a segurança.
Após os ataques de 11 de setembro, essa pressão cresceu. Ontem,
o embaixador americano Robert
Jordan afirmou que os EUA tentaram em vão reforçar a segurança em Riad antes dos ataques.
"Tão logo fomos informados da
ameaça, contatamos o governo
saudita", disse. "Mas eles não reforçaram a segurança a tempo."
Na segunda-feira, antes do atentado, um homem que o governo
americano acredita pertencer a Al
Qaeda - grupo que reivindicou a
autoria dos atentados de 11 de setembro- enviou um e-mail à revista árabe "Al Majallah", publicada em Londres, afirmando que
a rede estaria "planejando grandes operações no golfo [Pérsico]".
Al Faisal, no entanto, afirmou
que não "ouvira falar" do caso.
Segundo ele, todas as vezes em
que as embaixadas dos EUA e de
outros países solicitaram reforços, elas foram atendidas.
Em Washington, o porta-voz da
Casa Branca, Ari Fleischer, afirmou que "a Arábia Saudita deve
lidar com o fato de que há terroristas dentro do país". "Sua presença ameaça tanto a Arábia Saudita quanto os americanos e outros estrangeiros que vivem lá."
Até agora, o governo saudita
não autorizou a viagem de uma
equipe do FBI (polícia federal
americana) ao país para investigar os atentados.
Conexão com a Al Qaeda
O governo saudita afirmou que
os executores dos atentados de segunda-feira teriam ligações com
os 19 membros da Al Qaeda que
trocaram tiros com policiais sauditas em Riad no último dia 6. O
grupo fugiu, mas um dos homens
se rendeu posteriormente.
O ministro do Interior, o príncipe Nayef, disse que o grupo recebia ordens diretamente do líder,
Osama bin Laden. Segundo o jornal saudita "Okaz", Nayef teria dito não descartar mais atentados.
Já Al Faisal disse que o país está
"mais seguro hoje do que na segunda-feira" e que o atentado não
prejudicaria as relações de seu governo com os EUA.
A hipótese do envolvimento da
Al Qaeda já fora levantada pelo
secretário de Estado americano,
Colin Powell, que esteve no país
horas depois do ataque. Para a
Casa Branca, o nível de organização dos atentados -sincronizados para ocorrer simultaneamente em três bairros- faz da rede de
Bin Laden a principal suspeita.
Com agências internacionais
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