UOL


São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TERROR EM RIAD

Chanceler saudita admite "insuficiência" na segurança

Governo saudita ignorou alerta de ataques, dizem EUA

DA REDAÇÃO

O chanceler saudita, Saud al Faisal, admitiu ontem que o país falhou na prevenção dos atentados de segunda-feira contra três complexos habitados por ocidentais em Riad, horas após o governo dos EUA ter acusado o país de ignorar alertas sobre ataques.
Segundo autoridades americanas que pediram anonimato, o presidente George W. Bush teria enviado a Riad, na semana passada, o assessor-adjunto de segurança Stephen Hadley para transmitir pessoalmente o alerta. A Casa Branca não confirmou o fato.
Al Faisal disse ontem que o atentado teve 15 executores -seis a mais do que fora divulgado antes. O saldo de mortos já soma 34 pessoas, sendo oito americanos. Os feridos chegam a 200. Entre os mortos estariam ao menos nove terroristas suicidas.
"O fato do terrorismo ter acontecido é um indício de insuficiências, e temos que aprender com nossos erros a melhorar nossa performance", declarou Faisal.
O mea culpa saudita é um contraponto ao histórico recente do país, que levou cinco meses para admitir que 15 dos 19 responsáveis pelos atentados de 11 de setembro eram sauditas.
Seis milhões de estrangeiros vivem na Arábia Saudita, sendo 35 mil americanos, numa população total de 23,5 milhões. Desde o boom do petróleo, nos anos 1970, os EUA exortam o governo a reforçar a segurança.
Após os ataques de 11 de setembro, essa pressão cresceu. Ontem, o embaixador americano Robert Jordan afirmou que os EUA tentaram em vão reforçar a segurança em Riad antes dos ataques.
"Tão logo fomos informados da ameaça, contatamos o governo saudita", disse. "Mas eles não reforçaram a segurança a tempo."
Na segunda-feira, antes do atentado, um homem que o governo americano acredita pertencer a Al Qaeda - grupo que reivindicou a autoria dos atentados de 11 de setembro- enviou um e-mail à revista árabe "Al Majallah", publicada em Londres, afirmando que a rede estaria "planejando grandes operações no golfo [Pérsico]".
Al Faisal, no entanto, afirmou que não "ouvira falar" do caso. Segundo ele, todas as vezes em que as embaixadas dos EUA e de outros países solicitaram reforços, elas foram atendidas.
Em Washington, o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, afirmou que "a Arábia Saudita deve lidar com o fato de que há terroristas dentro do país". "Sua presença ameaça tanto a Arábia Saudita quanto os americanos e outros estrangeiros que vivem lá."
Até agora, o governo saudita não autorizou a viagem de uma equipe do FBI (polícia federal americana) ao país para investigar os atentados.

Conexão com a Al Qaeda
O governo saudita afirmou que os executores dos atentados de segunda-feira teriam ligações com os 19 membros da Al Qaeda que trocaram tiros com policiais sauditas em Riad no último dia 6. O grupo fugiu, mas um dos homens se rendeu posteriormente.
O ministro do Interior, o príncipe Nayef, disse que o grupo recebia ordens diretamente do líder, Osama bin Laden. Segundo o jornal saudita "Okaz", Nayef teria dito não descartar mais atentados.
Já Al Faisal disse que o país está "mais seguro hoje do que na segunda-feira" e que o atentado não prejudicaria as relações de seu governo com os EUA.
A hipótese do envolvimento da Al Qaeda já fora levantada pelo secretário de Estado americano, Colin Powell, que esteve no país horas depois do ataque. Para a Casa Branca, o nível de organização dos atentados -sincronizados para ocorrer simultaneamente em três bairros- faz da rede de Bin Laden a principal suspeita.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Powell não obtém apoio russo a fim de sanções da ONU
Próximo Texto: EUA: Cai o apoio a Bush na condução da economia
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.