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Foto falsa derruba chefe de tablóide
DA REDAÇÃO
O diretor do tablóide "Daily
Mirror" foi ontem demitido, depois de comprovado que eram
falsas as fotografias que estavam
sendo publicadas há duas semanas e que mostravam militares
britânicos supostamente torturando prisioneiros no Iraque.
Piers Morgan foi o responsável
pelo que um comunicado da empresa proprietária do jornal britânico classificou de "uma falsidade
calculada e maliciosa".
Ontem de manhã, Morgan dissera a seus subordinados que não
renunciaria e manteve a versão de
que eram autênticas as fotografias
obtidas por meios não revelados.
Seus argumentos se tornaram
insustentáveis quando horas depois o Regimento Real de Lancashire, cujos integrantes seriam os
supostos torturadores, demonstrou que armas, uniformes e até
um caminhão que aparece numa
das fotografias não eram encontrados no Iraque.
A assessoria do premiê Tony
Blair não quis comentar o episódio, dizendo tratar-se de um assunto interno ao jornal. Mas Blair
é um dos grandes beneficiados
pelo desfecho do episódio de carregadas implicações políticas.
Anúncio ontem do tablóide
"The Sun" ofereceu o equivalente
a R$ 274 mil para quem desse pistas sobre quem produziu e entregou as fotos ao "Mirror", seu concorrente na imprensa popular.
Mas com a demissão de Morgan o
jornal retirou a oferta.
Denúncia dinamarquesa
O episódio que envolveu o
"Mirror" não afastou em definitivo a suspeita de que, a exemplo
dos soldados norte-americanos,
soldados britânicos também tenham torturado prisioneiros durante a ocupação do Iraque.
Dois médicos dinamarqueses
disseram que viram em hospitais
britânicos dois prisioneiros que
foram duramente espancados.
Um deles morreu.
A informação foi dada pelo Ministério da Defesa da Dinamarca,
que não revelou o nome das testemunhas e informou que o fato
ocorreu em setembro último.
As tropas dinamarquesas
atuam no Iraque sob comando
britânico.
O ministro da Defesa dinamarquês, Soren Gade, disse em entrevista que os britânicos se comprometeram com os dinamarqueses
a apurar os responsáveis pelo incidente, que foi relatado a um advogado do Exército, em Copenhague, mas não ao governo dinamarquês. Essa omissão se justificava, disse o ministro, porque soldados dinamarqueses não se envolveram no espancamento.
Há duas semanas, o "Independent" disse que um engenheiro
iraquiano havia sido maltratado
por britânicos durante três dias,
em setembro. Pode se tratar do
mesmo incidente. O recepcionista
de um hotel, preso com o engenheiro, morreu na tortura.
Com agências internacionais
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