São Paulo, sábado, 15 de maio de 2004

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Foto falsa derruba chefe de tablóide

DA REDAÇÃO

O diretor do tablóide "Daily Mirror" foi ontem demitido, depois de comprovado que eram falsas as fotografias que estavam sendo publicadas há duas semanas e que mostravam militares britânicos supostamente torturando prisioneiros no Iraque.
Piers Morgan foi o responsável pelo que um comunicado da empresa proprietária do jornal britânico classificou de "uma falsidade calculada e maliciosa".
Ontem de manhã, Morgan dissera a seus subordinados que não renunciaria e manteve a versão de que eram autênticas as fotografias obtidas por meios não revelados.
Seus argumentos se tornaram insustentáveis quando horas depois o Regimento Real de Lancashire, cujos integrantes seriam os supostos torturadores, demonstrou que armas, uniformes e até um caminhão que aparece numa das fotografias não eram encontrados no Iraque.
A assessoria do premiê Tony Blair não quis comentar o episódio, dizendo tratar-se de um assunto interno ao jornal. Mas Blair é um dos grandes beneficiados pelo desfecho do episódio de carregadas implicações políticas.
Anúncio ontem do tablóide "The Sun" ofereceu o equivalente a R$ 274 mil para quem desse pistas sobre quem produziu e entregou as fotos ao "Mirror", seu concorrente na imprensa popular. Mas com a demissão de Morgan o jornal retirou a oferta.

Denúncia dinamarquesa
O episódio que envolveu o "Mirror" não afastou em definitivo a suspeita de que, a exemplo dos soldados norte-americanos, soldados britânicos também tenham torturado prisioneiros durante a ocupação do Iraque.
Dois médicos dinamarqueses disseram que viram em hospitais britânicos dois prisioneiros que foram duramente espancados. Um deles morreu.
A informação foi dada pelo Ministério da Defesa da Dinamarca, que não revelou o nome das testemunhas e informou que o fato ocorreu em setembro último.
As tropas dinamarquesas atuam no Iraque sob comando britânico.
O ministro da Defesa dinamarquês, Soren Gade, disse em entrevista que os britânicos se comprometeram com os dinamarqueses a apurar os responsáveis pelo incidente, que foi relatado a um advogado do Exército, em Copenhague, mas não ao governo dinamarquês. Essa omissão se justificava, disse o ministro, porque soldados dinamarqueses não se envolveram no espancamento.
Há duas semanas, o "Independent" disse que um engenheiro iraquiano havia sido maltratado por britânicos durante três dias, em setembro. Pode se tratar do mesmo incidente. O recepcionista de um hotel, preso com o engenheiro, morreu na tortura.


Com agências internacionais


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