São Paulo, sábado, 15 de maio de 2004

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AMÉRICA LATINA

A duas semanas do início da operação, forças internacionais podem levar mais tempo que o previsto para chegar

Diplomatas na ONU prevêem atraso em missão no Haiti

RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK

A duas semanas do início oficial da missão da ONU para a estabilização do Haiti, diplomatas ouvidos pela Folha prevêem atraso na chegada das forças internacionais que substituirão as tropas dos EUA, da França, do Canadá e do Chile atualmente no país.
Um diplomata envolvido nas negociações da missão afirma que um número próximo ao total de 6.700 soldados previstos para a operação só deve ser atingido ao final do período de substituição das tropas -no final de junho.
A razão para o provável atraso é o curto prazo para a preparação da missão, entre a aprovação da resolução do Conselho de Segurança (30 de abril) e a data do início das operações (1º de junho).
O Ministério da Defesa do Brasil informou que a chegada dos primeiros soldados do país, no final deste mês, está dentro de um cronograma que será cumprido. Dos cerca de 1.200 soldados que atuarão na força de paz da ONU, mil seguirão para o Haiti somente em meados de junho. O governo da Argentina, que também integrará a missão, disse que seus soldados estão prontos.
A Folha apurou que a decisão da data ideal opôs EUA e França, que desejavam o período mais curto, e o Departamento de Manutenção da Paz da ONU, que pediu ao Conselho de Segurança um prazo maior para os preparativos.
O Brasil trabalhou desde o início com a possibilidade de ter tropas no Haiti já no início de junho.
A possibilidade de atrasos e de dificuldades iniciais levaram o Canadá a estender o seu período de permanência para "60 ou 90 dias" após o início da missão.
O período de transição inicialmente previsto na resolução é de 30 dias. A representação na ONU do país afirmou que seus soldados (cerca de 500) a princípio permanecerão fora de seu comando. Disseram ainda não saber quando, dentro desse prazo de 60 ou 90 dias, parte de suas tropas passaria a usar o capacete azul.
A decisão do Canadá é descrita por diplomatas como "pragmática" e importante para a manutenção de relativa estabilidade no Haiti enquanto as tropas da ONU chegam e se organizam. A anunciada liderança brasileira da missão ainda depende de confirmação por parte do secretário-geral da ONU, Kofi Annan.
Os mesmos diplomatas que falam em atrasos dizem não prever problemas entre o comando da missão por parte da ONU e os militares da força internacional que permanecerão fora das forças com capacete azul.
A missão passou a ser considerada após a crise política pela qual passou o Haiti, que culminou no exílio do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, em fevereiro, segundo ele por pressão dos EUA.
A missão terá duração inicial de seis meses, renováveis após aprovação da ONU.
O governo brasileiro publicou ontem a medida provisória que reduz em 46% os salários pagos a militares em operações no exterior. A decisão visa obter fundos para viabilizar a participação na missão haitiana.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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