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AMÉRICA LATINA
A duas semanas do início da operação, forças internacionais podem levar mais tempo que o previsto para chegar
Diplomatas na ONU prevêem atraso em missão no Haiti
RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK
A duas semanas do início oficial
da missão da ONU para a estabilização do Haiti, diplomatas ouvidos pela Folha prevêem atraso na
chegada das forças internacionais
que substituirão as tropas dos
EUA, da França, do Canadá e do
Chile atualmente no país.
Um diplomata envolvido nas
negociações da missão afirma que
um número próximo ao total de
6.700 soldados previstos para a
operação só deve ser atingido ao
final do período de substituição
das tropas -no final de junho.
A razão para o provável atraso é
o curto prazo para a preparação
da missão, entre a aprovação da
resolução do Conselho de Segurança (30 de abril) e a data do início das operações (1º de junho).
O Ministério da Defesa do Brasil
informou que a chegada dos primeiros soldados do país, no final
deste mês, está dentro de um cronograma que será cumprido. Dos
cerca de 1.200 soldados que atuarão na força de paz da ONU, mil
seguirão para o Haiti somente em
meados de junho. O governo da
Argentina, que também integrará
a missão, disse que seus soldados
estão prontos.
A Folha apurou que a decisão
da data ideal opôs EUA e França,
que desejavam o período mais
curto, e o Departamento de Manutenção da Paz da ONU, que pediu ao Conselho de Segurança um
prazo maior para os preparativos.
O Brasil trabalhou desde o início com a possibilidade de ter tropas no Haiti já no início de junho.
A possibilidade de atrasos e de
dificuldades iniciais levaram o
Canadá a estender o seu período
de permanência para "60 ou 90
dias" após o início da missão.
O período de transição inicialmente previsto na resolução é de
30 dias. A representação na ONU
do país afirmou que seus soldados (cerca de 500) a princípio permanecerão fora de seu comando.
Disseram ainda não saber quando, dentro desse prazo de 60 ou 90
dias, parte de suas tropas passaria
a usar o capacete azul.
A decisão do Canadá é descrita
por diplomatas como "pragmática" e importante para a manutenção de relativa estabilidade no
Haiti enquanto as tropas da ONU
chegam e se organizam. A anunciada liderança brasileira da missão ainda depende de confirmação por parte do secretário-geral
da ONU, Kofi Annan.
Os mesmos diplomatas que falam em atrasos dizem não prever
problemas entre o comando da
missão por parte da ONU e os militares da força internacional que
permanecerão fora das forças
com capacete azul.
A missão passou a ser considerada após a crise política pela qual
passou o Haiti, que culminou no
exílio do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, em fevereiro, segundo ele por pressão dos EUA.
A missão terá duração inicial de
seis meses, renováveis após aprovação da ONU.
O governo brasileiro publicou
ontem a medida provisória que
reduz em 46% os salários pagos a
militares em operações no exterior. A decisão visa obter fundos
para viabilizar a participação na
missão haitiana.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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